Atualmente, a cirurgia bariátrica vem sendo indicada como uma das opções de tratamento para a obesidade mórbida com ótimos resultados, No entanto, além da grande perda de peso, as alterações na absorção e perdas de nutrientes também são aspectos comuns entre os pacientes submetidos ao procedimento. Isso acontece porque há um desvio do intestino delgado, e, já que os alimentos não passam pelo duodeno, onde a maior parte do ferro, folato, zinco, cálcio entre outros são absorvidos, pode ocorrer deficiência destes nutrientes. 

As técnicas da cirurgia bariátrica (ou cirurgia para obesidade) podem ser divididas em três categorias: procedimentos restritivos (restringem a ingestão alimentar), Disabsortivo (diminuem a absorção dos nutrientes) e mistos, que combinam os dois métodos anteriores. Em pacientes que fizeram a cirurgia com técnicas restritivas, as deficiências nutricionais podem estar associadas com a ingestão insuficiente de alimentos, enquanto que nas técnicas disabsortivas, as carências podem estar relacionadas com as intervenções feitas no estômago e/ou intestino, que afetam o processo de digestão e absorção dos nutrientes. 

O médico cirurgião geral Dr. Sérgio Barrichello (CRM-111.301), especialista em emagrecimento da Clínica Healthme gerenciamento de perda de peso, explica que, seja qual for a técnica aplicada, com a redução do estômago há consequentemente uma redução na produção do ácido clorídrico, o que dificulta o aproveitamento dos nutrientes principalmente o ferro. A deficiência de ferro é relatada em mais de um terço dos pacientes que fizeram este tipo de cirurgia. E essa absorção do ferro também pode ser comprometida por conta da diminuição da ingestão de alimentos fonte desse nutriente, como carnes, por exemplo. Esta deficiência pode se manifestar tanto logo após a cirurgia quanto sete anos após o procedimento. Por isso, é importante que os níveis de ferro sejam monitorados regularmente nestes pacientes, diz. 

O risco pode aumentar ao longo do tempo devido à baixa aderência à suplementação, ingestão inadequada e má absorção dos alimentos. Por isso a atenção nutricional deve ser permanente desde o período anterior à cirurgia e periodicamente no período pós-operatório. Na cirurgia bariátrica, os pacientes podem perder muito peso e se aproximar do seu peso ideal. Porém, para se chegar isso deve ser feito um estudo psicológico prévio para avaliar a condição psíquica e preparar para cirurgia. Esse processo muda toda a rotina e os hábitos de vida da pessoa obesa, podendo ocorrer déficits nutricionais, que devem ser monitorados por uma equipe multidisciplinar, explica Barrichello. 

Existem também as chances destes pacientes desenvolverem déficits de cálcio e vitamina D, acompanhado de problemas ósseos. Isso porque os principais locais de absorção do cálcio se encontram na parte do intestino que é modificada pela cirurgia. Em outros casos, a deficiência de vitamina B12 pode ocorrer pela diminuição da secreção de ácido gástrico no estômago, que pode ocorrer após a cirurgia. 

Baixos níveis de certos micronutrientes podem ocasionar alguns problemas. A deficiência de vitamina B12 juntamente com a deficiência de ácido fólico pode ocasionar anemia megaloblástica, deficiência de cálcio e vitamina D pode desencadear uma desmineralização óssea. E o ferro encontrado em baixos níveis caracteriza-se como anemia ferropriva. Para evitar essas deficiências é fundamental haver o compromisso do paciente e da equipe de profissionais da saúde com o acompanhamento em longo prazo e com a administração de suplementos para compensar as deficiências. Só assim é possível prevenir e tratar os problemas nutricionais e metabólicos que são tão comuns neste tipo de procedimento, conclui o médico.