Como funciona o Setor de Acervo e Conservação do maior museu de arte da América Latina – o Museu Oscar Niemeyer –  onde mais de 4 mil obras de arte são abrigadas.

 No subsolo do Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba, Paraná, existe um local de 1.400 metros quadrados, três metros de pé direito, com temperatura entre 19-23°C e umidade variável a 45-55%. Apenas técnicos e profissionais desta área podem entrar – com roupas e equipamentos adequados – e realizar todos os procedimentos necessários para uma  operação importante e delicada, de precisão cirúrgica: o manuseio, catalogação, higienização e preservação de obras de arte.

Este espaço é o Setor de Acervo e Conservação, local tão essencial em uma instituição museológica, que é equivalente ao coração de um museu, pois guarda o que ele tem de mais importante: seu acervo.

Mais de 4 mil obras estão armazenadas na chamada Reserva Técnica, em lugares apropriados de acordo com sua estrutura, que divide-se em  bidimensionais e  tridimensionais. O primeiro refere-se a pinturas e obra em papel, que ficam em trainéis e mapotecas. O segundo são esculturas, objetos, maquetes e materiais doados por artistas, como pincéis e cavaletes, que estão guardados em estantes chamadas módulos deslizantes.

“Temperatura e locais adequados são fundamentais para a preservação de uma coleção

“Temperatura e locais adequados são fundamentais para a preservação de uma coleção”, comenta Humberto Imbrunísio, que trabalha no Setor de Acervo e Conservação do MON. Foto Marcio Pimenta

Todos os procedimentos realizados estão de acordo com os padrões museológicos internacionais.  “Temperatura e locais adequados são fundamentais para a preservação de uma coleção. Até as luzes dentro da Reserva Técnica são desligadas para que não tenha nenhum tipo de interferência nas obras”, explica Humberto Imbrunisio, responsável pelo setor. O técnico explica também que tudo deve ser feito com muita atenção e cuidado. “As obras grandes e as esculturas dão mais trabalho pelo peso e pelo tamanho”, esclarece.

 

4 mil obras estão armazenadas na Reserva Técnica, em lugares apropriados de acordo com sua estrutura. Foto Marcio Pimenta

4 mil obras estão armazenadas na Reserva Técnica, em lugares apropriados de acordo com sua estrutura. Foto Marcio Pimenta

Porém, antes disso, as obras ficam na quarentena em um espaço isolado para não haver nenhum tipo de contaminação que possa passar às outras. Esse processo evita que as obras que possam conter fungos, mofo, cupim ou outros problemas, infectem as outras peças do acervo. Depois desse período, elas seguem para o Laboratório, onde são higienizadas. Após a limpeza, é feita a ficha catalográfica, que é a descrição da obra: nome do artista, nome da obra, ano, técnica e dimensão. Os profissionais podem também realizar estudos e pesquisas sobre os artistas e técnicas e fazer restauração nas obras, quando necessário.

As obras ficam na quarentena em um espaço isolado para não haver nenhuma contaminação. Depois, elas seguem para o Laboratório, onde são higienizadas. Foto Marcio Pimenta

As obras ficam na quarentena em um espaço isolado para não haver nenhuma contaminação. Depois, elas seguem para o Laboratório, onde são higienizadas. Foto Marcio Pimenta

MON_Bastidores_Marcio_Pimenta limpeza

A higienização é feita também nas obras que estão nas salas expositivas. Foto Marcio Pimenta.

Alfredo Andersen, João Turin, Theodoro De Bona, Miguel Bakun, Guido Viaro, Helena Wong,  Tarsila do Amaral, Cândido Portinari, Oscar Niemeyer, Ianelli, Caribé, Antanas Sutkus, Abraham Palatnik, Tomie Ohtake, Andy Warhol, Di Cavalcanti, Francisco Brennand são alguns nomes que estão no acervo.

 

Após a limpeza, é feita a ficha catalográfica, que é a descrição da obra: nome do artista, nome da obra, ano, técnica e dimensão. Foto Marcio Pimenta

Após a limpeza, é feita a ficha catalográfica, que é a descrição da obra: nome do artista, nome da obra, ano, técnica e dimensão. Foto Marcio Pimenta

 

Controle de segurança

Sempre que uma obra deixa a reserva técnica, mesmo para uma exposição interna, é preciso seguir um rígido controle de segurança que envolve, entre outros processos, a autorização de saída e um laudo técnico com as condições de conservação da obra.

No transporte, as obras são manuseadas por montadores especializados, em equipes formadas por pessoal interno do MON e funcionários terceirizados. São profissionais treinados para essa função, que usam máscaras e luvas para não danificar nenhuma peça.

O cuidado no transporte é o mesmo quando o MON recebe exposições vindas de outros museus. As obras vêm em transportadoras especiais, em compartimentos revestidos e climatizados. Os veículos que fazem esse transporte muitas vezes são acompanhados por batedores e possuem radar e sistemas de comunicação via satélite.

 MON

O Museu Oscar Niemeyer, que completa 15 anos em 2017, produziu cerca de 300 mostras neste período. Foto Marianna Camargo

O Museu Oscar Niemeyer, que completa 15 anos em 2017, produziu cerca de 300 mostras neste período. Foto Marianna Camargo

O Museu Oscar Niemeyer foi inaugurado em 22 de novembro de 2002. Possui 35 mil metros quadrados de área construída e 17 mil de área expositiva, que abrange 12 salas. A cada ano são realizadas cerca de 20 exposições, em um total de aproximadamente 300 mostras realizadas até este ano. A história do museu teve início em 1967 quando o arquiteto Oscar Niemeyer projetou o que é hoje o prédio principal, inaugurado somente em 1978 e então chamado de Edifício Presidente Humberto Castelo Branco. Em 2001, 23 anos depois de sua inauguração, as autoridades do Estado decidiram transformar a área em museu e, em 22 de novembro de 2002, o edifício deixou de ser sede de secretarias de Estado para se transformar no, inicialmente batizado, Novo Museu. O prédio passou por adaptações e ganhou um anexo, popularmente chamado de Olho, ambos de autoria do reconhecido arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer(1907-2012) e foi rebatizado de Museu Oscar Niemeyer .