Era para ser apenas um freio do humorístico “Ó Coitado” do SBT, que em 1999 alcançou altos índices de audiência. Mas, aos poucos, o Zorra Total ganhou uma cara popular e, nos passos do “Planeta dos Homens” (1976 – 1982) e do “Balança Mas Não Cai” (1968), consegue dominar, há dez anos, os sábados à noite na Globo.
A jornada foi difícil dentro da casa: em 2003, o diretor-geral Marcos Shermann insistiu em um formato que não emplacou; em 2006, o diretor Fábio Guimarães foi afastado por ser acusado de seduzir atrizes; em 2007, entraram novos atores e, enfim o “Zorra Total” ganhou força no horário e passou a desbancar a concorrência com picos de 30 pontos no Ibope.

Os dez anos da atração serão comemorados com um especial, ao final de maio, com os melhores momentos da trupe. No especial, o elenco relembra os nomes que já passaram pelo humorístico, de Renato Aragão, Chico Anysio – que terá exibidos trechos de sua “Escolinha do Professor Raimundo” – a Nair Bello, que morreu no auge da personagem Dona Santinha.
Um dos mais antigos do programa, o ator Paulo Silvino estará no especial. Ele está no “Zorra” há nove anos e conta que o humorístico precisou focar nas piadas “popularescas” para se manter, principalmente o seu personagem, o porteiro Severino. “Já cansei de escutar críticas inclusive ao meu personagem, mas não me importo de há 50 anos fazer personagens maliciosos”, diz ele. “O importante é que o humor que faço todos entendem: um homem que quer ‘pegar’ uma mulher.”

Nelson Freitas, outro que acompanhou a evolução da atração, acredita que o formato criado por Shermann ainda tem fôlego na TV. “As piadas do ‘Zorra’ não são fracas, algumas pessoas que ainda têm um olhar elitista demais.” Mesmo assim, o ator não nega o esgotamento de alguns personagens. “Tem sim os que se esgotam. Mas quando isso ocorre eles são retirados do ar.”

Por outro lado, os personagens que repercutem ganham mais espaço Um caso recente é o da gulosa Dra.Lorca, vivida por Fabiana Karla – a nutricionista do bordão “isso pode”. Outro destaque é a extravagante Lady Cate (Katiuscia Canoro), do popular “tô pagano”. “Às vezes, parece que a personagem vai se esgotar na TV, porque não tem o retorno que os palcos oferecem. Mas a audiência diz que não”, diz Katiuscia.