Entrega dos prêmios (fotos divulgação)

Entrega dos prêmios (fotos divulgação)

Pela primeira vez uma mulher irá representar o Brasil na final do maior concurso de alta gastronomia do mundo. Giovanna Grossi tem apenas 23 anos e além de ter sido a primeira mulher a vencer a etapa brasileira do concurso, em 2015, ficou em 1o  lugar na seletiva continental, que aconteceu durante do Sirha México. Este resultado classifica a chef para disputar a final mundial do concurso em 2017 em Lyon, ao lado de outros 23 de chefs de todo o mundo.

O resultado foi anunciado nesta sexta-feira, 12, com a presença de uma forte torcida brasileira de amigos, familiares e chefs.​ “Sinto muita emoção e gratidão. A vitória é fruto de trabalho e dedicação sem igual. Agradeço por todo o apoio da equipe,  sem a qual não estaria aqui”, fala Giovanna, sem tirar o sorriso do rosto.   Guatemala – Marcos Saenz – e Uruguai – Jessika Toni –  ficaram em segundo e terceiro lugar, respectivamente, e também estão classificados para a final mundial do Bocuse d’Or no Sirha Lyon.

No primeiro dia do concurso, 11 de fevereiro, apresentaram-se o Brasil, México, Colômbia, Uruguai e Equador. Já no dia 12, foi a vez de Argentina, Chile, Costa Rica,  Guatemala e Peru, considerados alguns dos mais fortes competidores. Cada cozinheiro teve 5h35m para preparar dois pratos, um de filé mignon e um de tilápia. Puderam contar com a ajuda de um comim dentro da cozinha e com os direcionamentos do coach, que não podia intervir diretamente no preparo dos pratos.

Giovanna contou com o chef Laurent Suaudeau para liderar seu treinamento, acompanhando de Victor Vasconcellos. O comim foi Nicholas Santos. Eles treinaram juntos por dois meses, todos os dias, oito horas por dia, alternando entre o preparo dos pratos e a análise e aprimoramento das técnicas. Andrews Valentin e Marcelo Pinheiro também fazem parte do Comitê Bocuse d’Or Brasil.

A chef encantou o júri com ingredientes bem brasileiros. A tilápia foi servida com chicória do Pará, farinha Uarini, flor de jambu e tucupi. Já o filé mignon foi acompanhando de pitanga negra, quiabo, mandioca, foie gras e pimenta de cheiro.

Giovanna Grossi

Giovanna Grossi

Como Laurent participou como jurado do concurso, não atribuiu notas aos pratos de Giovanna. Os outros jurados, que também foram os líderes de treinamento de cada candidato foram: Dario Gualtieri (Argentina), Sebastian Salas (Chile), Roberto Rodriguez (Colômbia),  Juan Romero (Costa Rica), Andre Obici (Equador), Mario Campollo (Guatemala), Guy Santoro (México), Herve Galldie (Peru) e Alvaro Verderosa (Uruguai).

“É uma honra ter estado ao lado da Giovanna durante esta empreitada. Sempre tive certeza do pódio”, orgulha-se Laurent.

O chef mexicano Enrique Olvera, à frente do Pujol, foi o presidente do concurso. O peruano Gastón Acurio, considerado um dos maiores chefs da América Latina, foi o presidente do júri, ao lado de Martha Ortiz, uma grande divulgadora da cozinha tradicional mexicana, que foi presidente de honra.  “É muito bom perceber a evolução do Brasil na alta gastronomia, especialmente através da delicadeza feminina”, avalia Gaston Acuria.

Erik Nako, chef carioca da Prima Bruschetteria que treinou Giovanna para a etapa brasileira do concurso, estava presente para prestigiá-la. “Tenho um orgulho imenso de ter participado do início desse sonho e ver a evolução da Giovanna”.

Copa Maya, etapa latino-americana da Coupe du Monde de la Pâtisserie, também atraiu muita atenção durante o Sirha México. A competição aconteceu no primeiro dia de evento. A princípio, três equipes seriam escolhidas para passar à próxima fase, a final mundial em Lyon em 2017. Foram elas Chile (3o lugar), México (2o lugar) e Argentina (1o lugar). Mas o presidente fundador do concurso, Gabriel Paillasson, usou do seu direito de lançar a wild card, prevista no regulamento, e elegeu mais uma equipe para a grande final, o Brasil! Concorreram ainda mais dois países da América Latina: Colômbia e Peru.

Abner Ivan, especialista em chocolates, e Marcone Calazans, expert em açúcar, foram treinados pelo chef Ramiro Bertassin, que já participou três vezes da final da Coupe du Monde de la Pâtisserie em Lyon. Eles escolheram o tema Jurassic Park, aproveitando para incluir ingredientes bem brasileiros nas suas criações, como maracujá, tangerina, castanha de barú, cumaru e buriti. Marcone ganhou ainda o prêmio especial para melhor peça de açúcar.  Os chefs tiveram seis horas para preparar duas tortas de sorvete com base de fruta, dez sobremesas de chocolate empratadas, uma peça artística em açúcar e uma em chocolate.

Fundada há 26 anos, Coupe du Monde de la Pâtisserie tornou-se a competição de confeitaria artística mais reconhecida do mundo. Dois anos são necessários para selecionar o melhor talento de 50 países, levando 22 à grande final em Lyon.

A Copa Maya foi presidida pela chef mexicana Maria Teresa Ramirez Degollado, fundadora dos Artesanos del Dulce de México. Cada país participante trouxe um chef jurado, que foi também treinador dos competidores e, portanto, não deu nota para seu próprio país: Eduardo Ruiz (Argentina), Ramiro Bertassin (Brasil), Luis Dias (Chile), Julio Mojica (Colombia), Pascal Demory (México) e Marín Astocondor (Peru). 

Sobre o Sirha México

O Sirha México reuniu 125 expositores e marcas de todos os setores da indústria de restaurantes e hotelaria. Vários eventos envolveram chefs nacionais, internacionais e especialistas para inspirar os 8.000 visitantes recebidos durante o evento, que aconteceu de 10 a 12 de fevereiro. O prato principal foi a Seleção da América Latina das competições de renome mundial: o Bocuse d’Or e a Coupe du Monde de la Pâtisserie.

Sobre o Sirha Rio 

O Brasil foi o primeiro país da América Latina a receber uma edição do salão de food service e hotelaria, em 2015. Foram cem marcas expositoras e cerca 10 mil visitantes durante os três dias de evento. A próxima edição do Sirha Rio está confirmada para 4, 5 e 6 de outubro de 2016.