Cena do filme Confessions of a Shopaholic

Cena do filme Confessions of a Shopaholic

 

“Vou comprar porque eu mereço!” Quem nunca usou essa frase como justificativa para uma comprinha por impulso? Segundo pesquisa realizada em maio desse ano pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), quatro em cada dez brasileiros compram por impulso. Entre os itens que mais instigam esse comportamento, estão roupas, calçados e acessórios em primeiro lugar. Comprar pode proporcionar uma deliciosa sensação de prazer, mas isso é tão imediato e tão inversamente proporcional ao prazer de olhar a conta bancária depois que vale a pena pensar um pouquinho antes de decidir.

Para Ana Lidia Coutinho Galvão, coordenadora de economia doméstica da Universidade Federal de Viçosa, seguir o “jogo dos três sins” pode ser uma boa saída para evitar as compras por impulso: eu preciso disso? eu tenho dinheiro? tem que ser agora? A compra está autorizada se a resposta for afirmativa às três perguntas. O jogo é simples e valioso, por isso trago aqui cinco dicas muito práticas e infalíveis que poderão ajudar a responder a primeira questão: eu preciso disso?

 

1) Compre para quem você é, e não para quem você sonha ser

Vamos imaginar que o seu dia a dia é normalmente agitado e requer conforto e agilidade para se locomover de um lugar a outro a pé. O seu ambiente de trabalho é bem informal. Quando sai a lazer, costuma frequentar ambientes mais descontraídos. Você adora sapatos no modelo scarpin, com salto agulha, mas eles não costumam ser uma escolha adequada à sua rotina. Nessa situação, mesmo que você se veja apaixonada pela sua imagem usando um scarpin vermelho, não é recomendado levá-lo para casa. Isso porque, se você continuar colocando esse tipo de calçado na sua sapateira, sempre terá a sensação de que não tem nada para usar, já que as opções disponíveis não combinam com o seu estilo de vida. Se não tiver consciência disso, quando for comprar, a chance de repetir o erro será grande.

 

2) Visualize a peça que você quer comprar com outras quatro que você já tem

Esse exercício é essencial para evitar as compras por impulso e para que você consiga construir um guarda-roupa inteligente: poucas peças e milhares de looks. Se você gostar muito de uma calça, mas não conseguir imaginá-la com pelo menos quatro blusas diferentes que já existam no seu guarda-roupa, em situações diferentes, é melhor abandonar a vontade de comprá-la. Isso porque correrá grande risco de ser uma peça pouco aproveitada, o que é uma péssima ideia em termos de um guarda-roupa inteligente. Portanto, pense sempre em várias possibilidades de combinações para as peças que você já tem e para as novas que irá adquirir.

 

3) Calcule o custo real de uma peça

O custo real de uma peça está diretamente associado à quantidade de vezes que será usada. Peças com qualidade e caimento ruins e peças que são muito modinha podem sobreviver pouco tempo no guarda-roupa e acabar custando mais caro do que se imagina. E são elas que mais encontramos nas promoções! Existe uma matemática muito simples para isso, então vamos imaginar uma situação: você compra uma blusa da moda em liquidação, de R$ 300 por R$ 150, no final de uma estação. Você terá umas dez oportunidades de usá-la antes do verão acabar e, portanto, ela lhe custará R$ 15 por uso. Se você tivesse comprado a mesma blusa no início da estação, provavelmente teria conseguido usá-la 30 vezes, o que lhe custaria R$ 10 por uso. Gosto muito de aplicar essa matemática a peças-chave: vale mais a pena pagar caro por um blazer preto que será peça coringa e importante para vários encontros profissionais do que pagar caro por um vestido de festa que será usado pouquíssimas vezes.

 

4) Mentalize o seu guarda-roupa em setores: atemporal, fast fashion e acessórios

Um guarda-roupa funcional e bem distante das compras impulsivas é formado por 60% de itens atemporais, 30% de acessórios (colares, lenços, pulseiras, prendedores de cabelo, bolsas, cintos e calçados) e 10% de itens fast fashion. Visualizar essa setorização no guarda-roupa torna mais fácil a tarefa de entender se você está ou não precisando colocar algo novo lá dentro e o que colocar. Se você já extrapolou o espaço dos fast fashion, por exemplo, é melhor encerrar as compras na estação e aproveitar o que já tem. Por outro lado, se você ainda não tiver atingido o limite de 30% de acessórios, invista neles. Essa é a forma mais consciente de comprar quando ninguém consegue te segurar!

 

5) Crie uma lista de compras

Comprar roupas é como ir ao supermercado: se não olhar o armário antes e conferir o que é preciso comprar, corre o risco de levar mais do que precisa ou levar itens repetidos ou, ainda, voltar para casa e continuar sentindo falta de algumas coisas. Então, vá sempre às compras com uma lista de prioridades e não deixe para criá-la de última hora. Adote como prática no seu dia a dia: sempre que sentir falta de alguma coisa quando estiver se arrumando, anote na lista. Dessa forma, quando for às compras, terá a certeza de que escolherá algo de que realmente precisa.