Você está olhando uma gôndola de supermercado, pesquisando sobre uma categoria de produtos que nunca havia comprado. Ao olhar as opções disponíveis, certamente será atraído, em primeiro lugar, pelas caraterísticas visuais das embalagens. É o primeiro aspecto de influência na sua escolha, que irá fazer com que você se interesse ou não a conhecer melhor o produto. Depois irá avaliar preço e informações do rótulo. Decidirá levar e, se o conteúdo for bom, voltará a comprar.

Quando nós olhamos uma pessoa pela primeira vez  (e me refiro especialmente à importância desse assunto no ambiente corporativo), algo semelhante a isso acontece. Primeiro reparamos em aspectos físicos e depois decidimos quanta atenção daremos a ela. E isso não acontece de modo racional – talvez você esteja pensando que não reage dessa maneira e que considera esse comportamento um julgamento superficial, pois o importante é o conteúdo. Você tem a sua razão e eu também acredito na relevância indiscutível do conteúdo, porém, antes de chegar até ele, é preciso aprovar a embalagem.

Um estudo realizado por pesquisadores das universidades de Nova Iorque, Tufts e Harvard, publicado na revista Nature Neuroscience, em 2009, investigou os mecanismos cerebrais que dão suporte às impressões formadas imediatamente após conhecermos alguém. Duas regiões do cérebro mostraram atividade significativa ao serem expostas a essas situações: a amígdala e o córtex cingular.

A amígdala cerebral é a principal responsável pelo processamento de respostas emocionais (como medo e ansiedade) e pelo armazenamento de memórias de eventos emocionais. Ela também desempenha um papel importante na interpretação da linguagem corporal e expressões faciais, especialmente quando indica uma ameaça. Já o córtex cingulado posterior está envolvido na atenção, memória, motivação e tomada de decisão. Ele desempenha um papel importante na avaliação de risco e na avaliação de recompensas ou resultados esperados.

Isso significa que as primeiras impressões que formamos sobre alguém estão relacionadas a um fenômeno fisiológico e não podem ser controladas. Acontece em milésimos de segundos, sem que tenhamos tempo de pensar. Por outro lado, há uma coisa que podemos fazer: gerenciar os elementos visuais que compõem a nossa imagem pessoal a nosso favor, procurando minimizar ou eliminar os ruídos que podemos causar nas primeiras impressões que deixamos para as outras pessoas.

Nem sempre temos a oportunidade de um segundo contato ou de ganhar a atenção que gostaríamos para mostrar o nosso conteúdo. Portanto, acertar nas primeiras impressões pode ser um ponto valioso, especialmente no ambiente profissional.