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Foram só 7 quilômetros em pouco menos de 45 minutos, mas foi o suficiente para gostar – e muito. No último sábado (24/02), fui um dos atletas participantes da Naventura Ultra Trail Ouro Fino a encarar as subidas, descidas e montanhas. De início, é preciso dizer: sou um corredor de rua. De maneira geral, se vou até o parque, evito ao máximo seguir pela lama, barro ou afins. O mais próximo de uma trilha que havia feito é a parte de mata da pista de corrida do Parque Barigui, que 90% dos corredores evitam. Para quem está acostumado com as  ruas, é preciso mudar a mentalidade e a forma de encarar o desafio. Nas provas tradicionais, tento estabelecer uma cadência de passos e um ritmo forte – dentro dos meus limites –, sempre para bater os meus recordes pessoais. As subidas e descidas fazem parte do trajeto, mas, salvo raras exceções, são desafios passíveis de vencer correndo. Nenhum corredor gosta de andar em uma prova de rua e, se isso acontece, acha que não fez uma boa prova. Na trilha é diferente. O ritmo é quase impossível de ser alcançado como na rua, pois é preciso ver onde será o seu próximo passo: há uma pedra, planta, buraco? Qual é o caminho menos desgastante para superá-lo? Em outras palavras, essas escolhas constantes exigem mais concentração e cuidado para evitar uma torção de pé ou queda, por exemplo. Além disso, os momentos com barro ou lama acabam afetando o seu equilíbrio, o que interfere no ritmo, cadência e velocidade. Essas dificuldades, talvez, sejam o motivo para que não tenha visto pessoas correndo com fone de ouvido. Obviamente, estar em uma trilha com seu silêncio é algo que inspira e motiva quem gosta do desafio, mas é um detalhe incomum para quem está acostumado às ruas. Esse silêncio é quebrado apenas pelos passos e respirações, mas também auxilia a se manter focado em seus movimentos e no caminho que deverá ser percorrido: uma pisada em falso pode comprometer meses de treino ou a pura diversão.

Sofra nas subidas e descidas

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No trecho de 7 quilômetros havia algumas subidas bem consideráveis. E, para ser honesto, 90% dos corredores com os quais cruzei faziam os trechos mais íngremes e pesados andando. Adotei esta prática também, pois a inclinação praticamente impede de fazer um movimento completo de corrida e a exigência muscular e cardiorrespiratória é absurda. Como não tinha qualquer pretensão de tempo ou desempenho, optei por curtir o passeio. Boa parte das pessoas suspira ao encontrar uma descida, certo? Honestamente, achei as subidas fichinhas na comparação com as descidas, quando há uma preocupação com se manter em pé, não escorregar e controlar o impacto que afeta especialmente o quadril e as costas. Se passava muita gente nas subidas, era ultrapassado com facilidade na descida, sobretudo por falta de técnica e de costume mesmo. Concluí em 44’54’’ minutos os 7 quilômetros extremamente satisfeito (31º na classificação geral e 14º na minha categoria) e com uma sensação de que deveria ter enfrentado, no mínimo, os 15 kms. Tive uma experiência incrível e que pretendo repetir daqui para frente em outras oportunidades. A próxima etapa Naventura acontece em um cenário que deve ser lindo para correr, no Canion Guartelá, em Tibagi. Confira o calendário completo abaixo:

Naventura Trail Marathon Canion Guartela – 42km|21km|12km|6km 28/Abril – Tibagi/PR.
Naventura Trail Marathon Bonito – 42km|21km|12km|6km 02/Junho – Bonito/Bodoquena/MS.
Naventura Campos Gerais – 30km|15km|7km 30/Junho – Ponta Grossa/PR.
Naventura Ilha do Mel – 35km|21km|12km|5km (noturno) 25/Agosto – Paranaguá/PR.
Naventura Ultra Trail Garopaba – 50km|30km|15km|7km 06/Outubro – Garopaba/SC.

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Nota sobre a Ultra

Como iniciante nas trilhas, procurei ler algumas dicas antes de ir à prova. Não sabia se correria com muita gente ou sozinho e, de fato, durante boa parte do percurso estive praticamente sozinho, sem visualizar quem estivesse na frente ou atrás. As indicações pelo caminho, especialmente nas bifurcações, guiaram este corredor iniciante até o fim, sem qualquer problema, assim como nas provas de 15 e 30 quilômetros. Contudo, a prova de 50 km teve que ser anulada. A organizadora do Evento – a Naventura Outdoor Experiences – explicou que se filiou à International Trail Running Association (Itra), podendo oferecer eventos de ultra maratona e que pontuem para a associação. A estreia dessa distância seria na 6ª edição da Ultra Trail Ouro Fino. Segundo os organizadores, em um ponto entre o km 20 e 23, as fitas de marcação não foram retiradas, mas tiveram o seu local mudado. “Ou seja, alguém resolveu alterar o cenário para confundir os atletas e fez de forma que ninguém conseguisse achar o caminho correto. Ressaltamos que até esse ponto, em nenhum momento houve qualquer dúvida ou problema com a sinalização da prova. Inclusive as outras distâncias (30km, 15km e 7km) concluíram suas provas sem nenhuma intercorrência”, diz a nota da organização. Por esse motivo, não houve classificação para a Ultra. Todos os atletas afetados vão poder participar de uma prova da empresa neste ano e estão automaticamente convidados para a edição de 2019. De nossa parte, esperamos apenas que seja feita uma investigação para descobrir quem foi o(s) responsável(is) que colocou a saúde de diversos atletas em risco.