Li recentemente um artigo que apontava que a incompetência e a corrupção roubam R$ 1 trilhão por ano do Brasil. Este montante equivale ao Produto Interno Bruto (PIB) da Argentina. Este dado é assustador. Em resumo, de cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento.
E assim nós, brasileiros, vamos tentando viver e empreender em meio a este caos generalizado no qual o nosso país se encontra. Infelizmente parece que estamos acostumados com as dificuldades que encontramos por aqui. Pior, costumamos dizer que o Brasil não vai para frente mesmo, que os políticos não são em prol da sociedade e que iremos morrer sem ver melhorias.
Diante de tanto descompasso entre o que é arrecadado e o que retorna em benefício da sociedade brasileira, alguns especialistas são unânimes em dizer que se todos os recursos desperdiçados fossem devidamente aproveitados, o nosso país trocaria a cadeira de emergente por uma de desenvolvido, que o PIB potencial, que é a taxa de crescimento possível sem gerar inflação e desequilíbrios, seria bem maior que os 2% ou 2,5% atuais e que a população poderia ser beneficiada verdadeiramente com serviços públicos e privados eficientes.
Mas  estamos tão acostumados com a ineficácia da administração pública, com a fragilidade e a ineficiência da nossa infraestrutura, com os maus serviços prestados, apesar da montanha de dinheiro que depositamos todos os meses nos cofres da Receita Federal, que começo a me questionar se a ocasião não faz o ladrão.
Sim, porque enquanto continuarmos deixando as mesmas pessoas no poder, nos calarmos e não reivindicarmos condições melhores, estaremos sendo coniventes com o cenário que hoje vivenciamos no Brasil.
E olha que tentamos acordar este ano. Uma reportagem no site do The New York Times, na época dos protestos Brasil afora, apontou como o alto custo de vida no nosso país, a inflação e os elevados impostos alimentam a ira dos brasileiros. Pois bem, a ira foi despertada, mas não pode adormecer.
Se quisermos mudanças, precisamos agir. Nossos governantes devem e precisam atender as necessidades da população. Se isso não acontece e fica por isso mesmo, estamos sendo coniventes. Mais do que isso, estamos incentivando a falta de respeito para com a nossa população.

Gilberto Antonio Cantú é Presidente do Sindicato das Empresas
de Transportes de Cargas do Paraná (Setcepar)