Se a disputa pelo governo do Estado se acirrou na reta final da campanha, o domingo de eleições foi considerado dentro da normalidade em todo o território paranaense. “Nesta eleição tivemos menos problemas com urnas e detenções do que em 2002. É natural que aconteçam alguns transtornos, principalmente nas grandes cidades”, disse o presidente do Tribunal Regional eleitoral (TRE/PR), desembargador Clotário Portugal de Macedo Neto, logo após encerrado a votação em todas as zonas eleitorais do Estado.


No balanço do TRE e da polícia, 198 pessoas foram detidas durante o período, 20 só na Capital. Entre os casos mais complicados, a prisão do candidato a Deputado Estadual pelo Partido Verde (PV), Professor Galdino. A prisão aconteceu por volta das 11 horas, quando ele fazia boca de urna na Praça Santos Andrade.


O trabalho da polícia começou logo na madrugada. Uma Kombi com cinco pessoas foi detida quando seus passageiros jogavam santinhos pelas ruas. O grupo foi detido e encaminhado diretamente para a Polícia Federal, já que o ginásio da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), para onde foram levados as pessoas detidas só abriu a partir das 8 horas.


Mas nas primeiras horas da manhã, um balão cortou o céu nublado de Curitiba fazendo campanha eleitoral para o governador licenciado, Roberto Requião. A Justiça Eleitoral e Polícia Militar foram acionados, e mesmo antes de iniciar o horário de votação, começaram uma caça ao balão. Segundo a Justiça Eleitoral, para ser possível uma autuação, seria necessário apreender o balão e deter o piloto.


Porém, o balão conseguiu escapar da fiscalização, e até o final da tarde não foi detectado o local onde teria pousado. A polícia seguiu o balão até o Parque Barigüi, mas foi perdido de vista. Segundo o tRE, como não houve apreensão de material de campanha, não há como fazer qualquer tipo de autuação. O PMDB, partido de Requião, disse desconhecer o balão.


Morte — Um eleitor morreu enquanto votava, em Piraquara, na Grande Curitiba. Jair Garcia de Freitas, de 69 anos, teve um ataque cardíaco fulminante. Ele conseguiu validar os suas indicações para deputados Estadual e Federal e para Senador. Para Presidente da República e Senador não conseguiu votar, e os votos ficaram anulados.


Urnas — O TRE também divulgou o balanço de urnas com defeito. No total, segundo o desembargador Clotário Portugal de Macedo Neto, 125 equipamentos apresentaram problemas leves, que não necessitaram de substituição. Outras 138 apresentaram problemas e foram trocadas por urnas de reserva. Já em Paranaguá, no Litoral, Dois Vizinhos, e Barracão, os dois no Sudoeste do Estado, três urnas falharam totalmente e não puderam  ser substituídas. Nestas três zonas a votação foi manual.


Observadores — Representantes dos organismos eleitorais do México, El Salvador, Paraguai e Uruguai acompanharam o processo de votação nas 14 seções eleitorais instaladas no Centro de Ciências Humanas da PUC-PR. As delegações também acompanharam o encerramento das votações no TRE.


TSE aponta menos problemas que em 2002


O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou que pouco menos de 3 mil urnas eletrônicas tiveram de ser substituídas por falha em todo País. O número corresponde a 0,86% do total de urnas do Brasil e era, até o momento do encerramento do pleito, menos da metade do número de urnas com problemas na última eleição presidencial.


Em 2002, 5.719 urnas tiveram de ser trocadas, o que representou 1,41% do total. Na eleição municipal de 2004, foram 2.982 urnas com defeito, o que representou 0,74% do total. Deste total que apresentaram problemas, 024% necessitaram ser trocadas. As informações são da Agência Brasil.


O maior número de substituições foi em São Paulo, com 777 urnas trocadas. Em segundo lugar ficou o estado do Rio de Janeiro, com 263, depois Rio Grande do Sul com 221 substituições. Em quarto lugar veio Minas Gerais, com 210, e em quinto, vem Sergipe, com 159. De acordo com a assessoria de imprensa do TSE, no exterior, nenhuma urna foi trocada até o final da eleição. CeErca de 86 mil brasileiros estavam aptos a votar no exterior.


A votação teve de ser manual em 77 seções, sendo que, só em São Paulo, houve 27 e no Rio Grande do Sul, 6. Rio de Janeiro, Paraíba, Minas Gerais e Alagoas tiveram 4 seções. Os números do TSE eram parciais porque, por causa do fuso horário, alguns estados não haviam encerrado a votação até as 19 horas, horário de Brasília.
Segundo o ministro do TSE, Marco Aurélio Mello,


Mesário desde a década de 1950


Desde 1994 que o aposentado José Carlos Mello Rocha virou uma “personalidade” das eleições brasileiras. Ele que trabalhou ontem como mesário na Escola  Estadual Barão do Rio Branco, é o mais antigo mesário do Brasil, o que lhe rendeu ano passado, até comenda eleitoral e ontem a visita do presidente do TRE-PR. Em 1950 ele votou e trabalhou como mesário pela primeira vez.


“Foi muito importante por várias razões. Além de meu primeiro voto, foi a volta do Getúlio Vargas e no Paraná foi a chegada do Bento Munhoz da Rocha. Não imaginava que ficaria tanto tempo, 56 anos, trabalhando. Nem senti o tempo passar”, diz ele que esteve ativo na maioria dos pleitos neste período. “Pelos meus cálculos acho que trabalhei em cerca de 30 deles. Peguei urnas de madeira, de lona e agora as eletrônicas”, conta.


A principal mudança que nota nesse tempo é nos eleitores. “Eles eram muito mais animados. Havia uma participação mais afetiva, era fácil notar isso nos comícios, eram mais espontâneos. Hoje é um eleitorado apático”, analisou o senhor de 75 anos. Já nos candidatos ele não nota grandes alterações comportamentais.


“É o mesmo jeito de chegar, falar com as pessoas, fazer promessas e agrados”, observa. Ele aproveitou para mandar um recado, para candidatos e eleitores. “Quem vota, que o continue tendo discernimento para votar consciente. E o candidato, que procure olhar com mais carinho para o Brasil”. (AP)