Picolé de chuchu na definição impagável do colunista José Simão, o tucano Geraldo Alckmin é a prova viva de que qualquer um pode ser presidente. De cara ninguém acredita. O estilo é o de vendedor de enciclopédia. O jeitão é tão surreal quanto um balconista de loja maçônica. De longe, aposto minhas fichas como ele já cantou pedras em bingo de igreja. E foi noivo em festa junina! Quaquaquá. Se não fosse político, tinha presença garantida no papel de mineiro da piada (apesar de ser paulista). É fácil, por exemplo, imaginá-lo sentado de cócoras na porta da venda, cuspindo fino e enrolando o cigarrinho de palha com paciência irritante.
Alckmin (o “Geraldo”) serviria de modelo perfeito para uma espécie de literatura de auto-ajuda que anda em voga no país. O título óbvio: “Como Ser Presidente em 10 Lições”. Ou, no estilo vai que é tua:  “Presidente. Você Quer, Você Pode”. Ou mais: “Presidente, Faça Você Mesmo” – tão excitante quanto outro best-seller da mesma coleção: “Sexo, Faça Você Mesmo”. Ou ainda: “O Que Todo Presidente ou Idiota Deve Saber (dá no mesmo)”.
Na segunda-feira, na primeira entrevista após ver cair no colo a chance de disputar o segundo turno, ficou provado que Alckmin parece ter preenchido lacunas em um manual previamente preparado pelos marqueteiros.
Basta que ele aponte o dedo polegar e o sinal está dado: lá vem uma enumeração de conceitos gerais que nunca chegam ao mindinho e que, convenhamos, qualquer um está careca de saber (inclusive o tucano). Dá-lhe Saúde, Educação, Emprego e chavões como “o Brasil pode fazer mais” e “é preciso acabar com a praga da corrupção”.
Se isso rende voto, que o digam os magos das urnas. De qualquer forma, salvo os planos de governo de PSDB e PT que parecem ter saído do mesmo forno, a imagem de homem comum pode servir de trunfo para o tucano. Alckmin é a antítese visual de Lula e a caricatura de um político que poderia passar incógnito por qualquer multidão. Lula gosta de evocar o herói sacrificado e se comparar a Jesus Cristo. Alckmin parece o sujeito que lidera a fila da hóstia. Assim, pensa o eleitor, até eu.

Queimadão
A decisão do prefeito Beto Richa de anunciar apoio à candidatura de Osmar Dias (PDT) chamuscou, pelo menos para o público externo, a imagem do vice Luciano Ducci.


Desembarque
Até o fim de semana, Ducci e a trupe alegre sacolejavam no trem de campanha do governador Requião.


A pique
Adversários vêem na administração e no estilo Requião os mesmos erros que fizeram naufragar o governo do ex-presidente Collor.


Mistura feia
A começar pelo fato de que o governador é um político que despreza políticos, que atrai antipatias empresariais ao fazer discurso estatizante e que, no fim das contas, se cerca de pessoas que não confia.


Tô de olho
Nesse quesito, aliás, nem na própria sombra.


E agora?
Localizada dentro da área onde vai ser construído um terminal de ônibus, a delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, vem encontrando problemas sérios.


Fama
Ninguém na região quer alugar um prédio ou uma casa que abrigue os policiais e os cerca de 70 presos da cadeia. Motivo: o governo é mau pagador.


Não é assim
O Ministério da Justiça convocou coletiva de imprensa hoje para, aparentemente, desmentir os números do Mapa da Violência que coloca o Paraná entre os estados com maior índice de criminalidade do país.


É assado
A Secretaria de Segurança Pública trabalhou arduamente durante duas semanas para que os números fossem desinflados. Falta saber agora se a queda na escala de violência vai ser significativa.


A fila anda
Primeiro suplente na chapa de deputados do PMDB, Ademir Bier aguarda com ansiedade o resultado do recurso à sentença do TRE que tornou inelegível o peemedebista Geraldo Cartário.


Abafa
Caso a decisão seja confirmada, Bier assume a vaga. Claro, com alegria comedida.


Bateu
Na fila de derrotados eleitorais, o deputado petista Natálio Stica se apressou a botar a culpa em Lula: “Quando eu distribuía santinhos a pessoa dizia: ‘Ah, que pena, queria votar em você, mas como você está com o Lula…’”


Olha o troco
Lá de Brasília, o presidente devolveu na mesma moeda. “Comigo foi igual. Onde eu ia no Paraná as pessoas diziam: ‘Ah, queria votar em você, mas com o Stica não vai dar pé’”. Quaquaquá.


De leve
O ex-governador Jaime Lerner deve ter ensaiado um sorriso de canto de boca ao ser informado que a nau da reeleição de Rafael Greca (PMDB) havia naufragado.


Foi demais
De todas as críticas que recebeu no ocaso da administração, a única que considerou ingrata e visceral foi a de Greca – um lernista de ninho.


Magoou
Lá em seu retiro espiritual, comenta-se, o deputado peemedebista respondeu com versos de Guilherme de Brito: “Tire o seu sorriso do caminho, que eu quero passar com a minha dor”. Quequequé.

Arremate
E não é que Delfim Netto agora virou gênio da raça?
De dez em dez anos, o Brasil gesta um Golbery.

Obladi-obladá
Tem explicação a adesão dos vereadores do PV à candidatura de Osmar Dias (PDT) ao governo: a sigla PV pode muito bem significar Paraná da Verdade – nome da coligação do pedetista. *** Em ressaca eleitoral, Requião propôs tomar a TV Educativa para a realização de debates diários com Osmar Dias. *** Ora, sem querer deu exemplo do que significa misturar o público com o partidário. Requião é candidato e governador licenciado, portanto não teria nenhum direito de interferir na programação da emissora. *** Foi um lapso revelador. *** Adesivo que anda ganhando as ruas: “13 dá azar! Vote 45”.
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