O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento reconheceu oficialmente nesta quarta-feira (26) a primeira raça bovina totalmente paranaense. É a Purunã, desenvolvida pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), órgão estadual de pesquisa agropecuária. O governador Beto Richa presidiu o evento, realizado no Palácio Iguaçu, em Curitiba.

O superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná, Alexandre Orio Bastos, entregou ao governador a portaria que reconhece a raça e dá autonomia aos criadores para expansão do rebanho no País. A Associação de Criadores de Gado Purunã (ACP) recebeu credenciamento para fazer o controle genealógico da nova raça.

Richa destacou a excelência do trabalho realizado pelo Iapar e prestou homenagens a equipe responsável pelo desenvolvimento da raça bovina. A certificação e o reconhecimento oficial consagram o Iapar. Recebemos o instituto em uma situação crítica. Hoje é um dos orgulhos do Estado, disse Richa na solenidade que teve a exposição de animais e degustação de carne.

Richa destacou o estímulo dado aos órgãos estaduais de pesquisa. Ele lembrou que a reformulação do Iapar envolveu a contratação de 250 profissionais. Richa também citou o caso do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), que recebeu novos investimentos do Estado e hoje produz medicamentos e vacinas para exportação.

O nome da nova raça se refere à Serra do Purunã, onde fica a Fazenda Modelo do Iapar, local onde todo o trabalho foi desenvolvido. A partir de agora, o criador que decidir pelo Purunã terá a certeza de contar com um material de origem pura, garantiu o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara.

A Purunã é resultado de mais de 30 anos de trabalho, que começou com o experimento genético. As duas últimas décadas foram para consolidação e disseminação da nova raça. É uma raça adaptada para qualquer tipo de criador. Mesmo os que não possuem grande aporte tecnológico podem obter bons resultados, o presidente do Iapar, Florindo Dalberto.

O Iapar estima que 3 mil a 4 mil animais estão sendo criados. Desde 2008, o instituto vem ofertando touros, mas sua atuação ainda é limitada no mercado, segundo o zootecnista e pesquisador José Luiz Moletta, um dos criadores da nova raça.

A partir de agora a Associação de Criadores de Gado Purunã irá gerir a raça. Segundo o presidente da entidade, Piotre Laginski, com a entrega do registro oficial aumenta a perspectiva de parcerias para disponibilizar a genética no mercado. Hoje, existem embriões e sêmen em laboratórios, prontos para serem comercializados.

A perspectiva é que em quatro anos pelo menos 10 mil matrizes de gado Purunã já estejam registradas. Atualmente, existem exemplares em Patos de Minas (MG) e em São Paulo. Criadores da Bahia estão dispostos a fazer parceria para avaliação da genética no estado. Agora a Purunã ganha o mundo, disse Laginski.

PRESENÇAS – Participaram do evento o diretor-administrativo do BRDE, Orlando Pessuti; o presidente da Federação da Agricultura do Paraná, Ágide Meneguette; os secretários de Estado do Planejamento e Coordenação Geral, Cyllêneo Pessoa Pereira Junior, e da Infraestrutura e Logística, José Richa Filho; o chefe Casa Militar Coronel Adilson Castilho Casitas, e os deputados estaduais, Tiago Amaral, Pedro Lupion, Fernando Scanavaca, Plauto Miró, Elio Rush, José Carlos Schiavinato e Bernardo Carli.

Características da Purunã aumentam valor agregado

O superintendente regional do Ministério da Agricultura, Alexandre Bastos, ressaltou que as principais características do Purunã – maior produtividade e melhoria na qualidade da carne – aumentam o valor agregado do produto.

Com a raça Purunã, o Brasil pode avançar na sua posição de liderança no mercado mundial. A raça abre uma nova possibilidade, pois sua carne de qualidade pode atender mercados mais exigentes, disse. O investimento em pesquisa e tecnologia na pecuária fortalece a cadeia produtiva da carne no Brasil, que é o principal exportador de proteína animal do mundo, concluiu.