No blog da cientista política Lúcia Hippolito:

“Do senador Renan Calheiros pode-se dizer tudo, menos que seja um principiante.

Por isso, fica meio difícil decodificar suas últimas atitudes.

Enquanto seu ex-aliado, Fernando Collor, por exemplo, foi de uma frieza de cobra durante todo o processo de impeachment, Renan tem mostrado evidentes sinais de desequilíbrio nos últimos dias.

As ostensivas demonstrações de arrogância (como a de hoje, debochando do senador Agripino Maia), os arreganhos de basófia coronelista, o delírio de se comparar a Tiradentes (a forca), a Joana D’Arc (a fogueira), a São Sebastião (as flechas) e mesmo ao presidente Lula (o devaneio do tal terceiro turno), tudo isto indica que o político frio, sangue de cobra, negociador racional, não passava de fachada. Uma farsa.

Renan Calheiros é como cenário de Hollywood: não resiste a uma ventania.

As chantagens sobre os demais senadores, as tentativas de emparedamento do presidente Lula e do governo – alegando que, sem ele, a tal da governabilidade vai para as cucuias – tudo isto é patético.

O político que tinha como meta tornar-se o candidato a vice-presidente nas eleições de 2010 vê seus sonhos se transformarem em farinha.

E, o que é mais interessante e digno de nota, até agora Renan Calheiros está procurando saber de onde veio o paralalepípedo que lhe caiu sobre a cabeça.

Ou seja, por que, tendo ele feito tudo o que fez durante tanto tempo, e ainda, tendo outros políticos feito a mesma coisa, poderá ser ele, Renan, condenado a pagar por tudo e por todos?

O falecido ministro San Thiago Dantas costumava dizer que nada está mais próximo do máximo da ingenuidade do que o máximo da esperteza.

Coitado do senador Renan Calheiros. Foi vítima da própria ambição. Acontece.

Pode até sobreviver. Mas nunca mais será o mesmo. Caiu a máscara”.