Michael Gracey, que dirige ‘O Rei do Show’, ficou conhecido como artista digital. O longa musical com Hugh Jackman é sua primeira obra maior no cinema, mas os créditos somam outros nomes conhecidos do público – o produtor James Mangold dirigiu ‘Wolverine’ e ‘Logan’; e Bill Condon, da Saga ‘Crepúsculo’, está creditado como roteirista.

Mangold autoriza a suspeita – não será ‘O Rei do Show’ uma espécie de X-Men sem superpoderes? P.T. Barnum, o personagem de Jackman, é reputado como o primeiro norte-americano a ter feito fortuna com o showbiz. Talvez sua história não seja exatamente como no filme, mas ao acolher, reunir e transformar em estrelas do seu show um bando de freaks renegados pelas próprias famílias, Barnum fez história.

Para a mentalidade politicamente correta de hoje, foi precursor também de um pensamento igualitário, baseado no respeito à diferença de seus mutantes. Mas o filme, mesmo que eventualmente não seja acurado, também não o idealiza tanto assim.

Barnum veio de baixo, e seu sonho nada secreto é não apenas ficar rico como se tornar respeitável para a sociedade que discriminou e marginalizou seu pai — e a ele. Nessa cruzada, Barnum se associa ao dândi Philip Carlyle (Zac Efron). Com Carlyle, Barnum logra ser aceito, por um breve momento, pela burguesia de Nova York, ao empresariar a soprano sueca Jenny Lind. Mas pisa em falso, e bate com a porta na cara de seus freaks, impedindo-os de participar da recepção a Jenny

Gracey, com a cumplicidade da dupla de compositores Justin Paul e Benji Pasek — vencedora do Oscar por ‘La La Land’ —, logrou um espetáculo vibrante e lindamente coreografado.

Talvez a Academia considere demais premiar musicais dois anos seguidos, e deixe ‘O Rei do Show’ fora do Oscar. Isso não diminui em nada a euforia que o filme tende a produzir no espectador. Como feel good movie, ‘O Rei do Show’ só não levantará o astral dos muito mal-humorados. E, como em ‘Os Miseráveis’, Jackman é 10, cantando e dançando.