Passei os últimos três fins de semana em hospitais com meu caçula de 2 anos. O mesmo périplo que cumpro há 15 anos, quando minha filha mais velha nasceu. Quando o Outono chega, e as variações de temperatura de Curitiba castigam os pequenos, médios, crianças, jovens, idosos. No mesmo período, observei oito entre 10 mães da timeline do Twitter e no Facebook passando sufoco com as crianças, a maioria com doenças respiratórias, como bronquite e pneumonia.

Então me lembrei da minha professora amada de dança,  que há quase 20 anos teve a coragem de fazer o que as mães e pais de Curitiba ensaiam: ela se mudou da cidade porque o tempo fazia muito mal aos seus filhos pequenos. Pepita Liparotti, o marido, João Roberto, e os filhos pequenos Thábata e Renan deixaram o tempo louco de Curitiba e se mudaram para Natal, no Nordeste, em agosto de 1997. Para encorajar, ou não, pais e mães, resolvi conversar com eles para relembrar os passos e saber se hoje ainda acham que tomaram a decisão certa.

“Um dos motivos da mudança foi a asma de Renan que era crônica e dependia de cinco medicações em alguns momentos mais críticos, mas Thábata também tinha crise,s só que agudas e fortes, Pepita sofria de rinite e eu tinha reações alérgicas de pele com o frio. A somatória destes motivos nos levou a procurar a mudança, principalmente depois que moramos durante três meses entre Parati e Angra dos Reis, no Rio de Janeiro,  num inverno-primavera e nos sentimos todos melhores”, lembra 

A menor variação de temperatura, o clima mais ameno fez a família aos poucos diminuir de medicamentos de uso contínuo, principalmente os remédios com corticóide de Renan que usava corticoterapia. Todos melhoram de suas alergias.

João e Pepita dizem que não se arrependem da mudança e recomendam, apesar de toda a logística que envolve uma mudança do Sul para o Nordeste. “Existem dificuldades nas adaptações das crianças nas escolas, a distância da família, mas somos privilegiados pois como servidor público federal e docente do ensino superior tive oportunidade de concursos e transferência”, conta João. Pepita que tinha uma academia de dança em Curitiba, recomeçou o seu trabalho de professora lá e se sente realizada também. Os dois lembram que opiniões contrárias à mudança não faltaram. “Mas estudamos a situação e decidimos de forma consciente e entendendo que amor é parceria. Se era para tentar melhorar para uma vida mais saudável dos nossos queridos filhos (e nossa também!), assim o fizemos. Tem gente que nos questiona até hoje!”, diz João.

Ele confessa que evita ir a Curitiba na  época de frio; Pepita tem vindo mais para a cidade para passar mais tempo com a mãe dela que completou 90 anos, mas tem reclamado do frio. Thábata voltou a Curitiba para estudar Dança na FAP e morou quatro anos lá, depois foi a São Paulo para o mestrado na PUC, agora há dois anos atrás foi aprovada na Universidade Federal do Sergipe”, conta João.  O pequeno Renan, que agora já é um homem ganhou uma bolsa em letras Clássicas para Coimbra em Portugal (temperatura semelhante a Curitiba), está concluindo o mestrado e iniciando o doutorado por lá.

Renan fez  25 anos em 28 de março, Thábata  já tem 28 anos e a saúde deles vai muito bem. João e Pepita pensam em mudar de cidade quando se aposentarem, mas não para Curitiba.

 

Pepita com Thábata e Renan, na época da mudança

Pepita com Thábata e Renan, na época da mudança

 

João e Renan em Natal em 1997

João e Renan em Natal em 1997

Renan, João, Pepita, Thábata e o namorado Erick

Renan, João, Pepita, Thábata e o namorado Erick