livro

Hoje vou deixar a modéstia de lado. Sei que ensinei muitas coisas ao meu filho. Primeiro as noções de sobrevivência: falar, andar, comer, tomar banho…Depois as necessárias para o desenvolvimento pessoal: vestir a roupa, ler e escrever, amarrar o tênis, brincar. E claro, as que vão ajudar a formar seu caráter: respeitar os outros, ser educado, ser tolerante, ser honesto e por aí vai. Claro que mãe é aquela coisa, sempre achamos que poderíamos ter feito melhor aqui ou ali. Somos de uma categoria muito exigente!

Mas tem um hábito que ensinei ao meu filho do qual me orgulho e muito: ler. Desde que ele era bebê leio para ele. Lia para ele antes de dormir, lia para acalmá-lo em viagens longas, lia para que ele estimulasse a imaginação.

Quando as crianças começam a perceber o mundo a sua volta é bacana apresentá-las aos livros. E tem uma infinidade de opções. Livros que ensinam as cores, outros que ensinam a contar, livros para encontrar bichos escondidos, livros para se divertir no banho. Depois a gente vai buscando aqueles com histórias simples, mas sempre com algo que os pequenos possam trazer para o mundinho deles. E é interessante como as crianças têm essa percepção e fazem a ligação rapidinho.

Aos dez anos meu filho é um leitor assíduo. Vamos ao shopping e ele sempre pede para visitar livrarias. Vamos ao supermercado e ele nunca deixar de comprar um gibi. Sempre lê ao menos a capa das revistas semanais. Indo para a escola pega os jornais nos semáforos e lê as manchetes. Antes de dormir separa um tempinho para a leitura. Claro que não são livros complexos. São histórias que se lê aos dez anos. E acho ótimo, afinal não queria que ele lesse Crime e Castigo ou Ulisses nessa idade.

Na escola, a cada trimestre é enviada uma lista com três livros. Os alunos devem escolher dois que serão trabalhados em sala de aula. Ele sempre quer os três. Uma vez por semana, os estudantes vão à biblioteca emprestar um livro. Ele empresta dois (confesso que nem sempre lê os dois). Aí sim fico orgulhosa e percebo que fiz um bom trabalho.

Sim, eu acredito que ler é um hábito que deve ser adquirido na infância. Ler estimula a criatividade, enriquece o vocabulário, distrai, faz bem para a memória e é um prazer. No colégio ele com frequência é elogiado pelos textos bem escritos, pelo poder de argumentação, pelas histórias contadas em detalhes. E isso acontece desde que ele era bem pequeno. Atribuo grande parte à personalidade do meu filho. Ele é extrovertido, inteligente, gosta de uma boa conversa. Mas não desmereço o papel dos livros, literalmente. Ele lê e depois quer contar tudo que descobriu naquelas páginas. Os olhos brilham. Quando era menor, muitas vezes ao final da leitura ele suspirava e dizia “que história legal!”. E isso que é fantástico: a criança entrar no mundo de fantasia, imaginar, criar na sua cabecinha todos os personagens.

Lembro que quando eu era pequena na minha casa havia coleções de livros infantis. Ninguém nunca me mandou ler. Eu li porque senti curiosidade, porque quis.  E amava aqueles momentos. Leio muito até hoje.

Sim, sou daquelas pessoas que dão de ombros quando alguém fala que os livros vão acabar. Não acredito que folhear as páginas seja o mesmo que deslizar os dedos pela tela de um computador, tablet, celular ou o que quer que seja. O cheiro de um livro novo, a vontade de sondar a última frase lá no finalzinho para saber como acaba é muito mais bacana. Nada se compara a isso.

Sendo assim, repito, vou deixar a modéstia de lado. Quando o meu menino fixa os olhos em um livro, tenho certeza que fiz um belo trabalho. Ele é um pequeno leitor e, possivelmente, não vai largar esse “vício”. Ler é mais que conhecimento. Que tal incentivar esse hábito em sua casa? Garanto que vale a pena!