Depois de longa estagnação, o consumo no mercado brasileiro começa, no curto prazo, a mostrar sinais de recuperação em diversas categorias da cesta de largo consumo, apesar de ainda não se igualar ao patamar pré-crise. O consumo em unidades no terceiro semestre de 2017 supera em 3% os meses anteriores deste ano e em 6% o mesmo período de 2016. As categorias de maior penetração continuam sendo priorizadas. A novidade é que, mesmo neste momento de instabilidade, o consumidor tem voltado a buscar opções premium entre os itens mais básicos. Fralda descartável, café, açúcar, cerveja e detergente líquido para roupa são exemplos deste movimento.

Destaque para o crescimento das cestas de mercearia doce (exemplo: achocolatado em pó, biscoito, adoçante, leite em pó, torrada industrializada) e limpeza (exemplo: sabão em pedra, detergente líquido, sabonete e papel higiênico), que conseguem apresentar boas performances em volume. As batatas congeladas, massa instantânea, lanches prontos, manteiga, cereal tradicional, inseticida, desodorante e escova dental voltaram para o carrinho de compras, e atingiram níveis de venda iguais ao do período pré-crise. Produtos perecíveis e de maior penetração, como petit suisse, bebidas de soja e leite pasteurizado, estão no único grupo que mantém queda contínua nos últimos dois anos. No entanto, alguns comportamentos ainda não mudaram. O atacarejo (neologismo para atacado e varejo) ainda é o canal com melhor resultado, chegando a crescer 12% nos últimos 9 meses. A frequência de compra continua baixa e sem sinais de recuperação. Marcas mais acessíveis em preço ganham espaço, e promoção ainda é um fator importante para crescimento em faturamento. Porém, a classe DE já estabiliza sua frequência de compra, variando só -0,5% (versus -2,8% do total Brasil). A classe C passa a fazer mais compras no Supermercado de Vizinhança, que ganha +3,6 pontos de penetração nessa classe.

O otimismo começa a aumentar, especialmente por 2018 ser um ano eleitoral. Em 2014, ano da última eleição presidencial, os gastos com comunicação (+26,1%), serviços pessoais como cabeleireiro (+23,8%), festas (+16,5%) e vestuário (+13,2%) aumentaram em relação a 2013. Sendo assim, o momento de maior otimismo é importante para atrair novos consumidores. Mas, na contramão, alerta de que o excesso de confiança multiplica os endividamentos no longo prazo.