O Departamento de Geografia da UFPR junto com o Instituto Municipal de Administração Pública (Imap) e o Núcleo Curitiba do Observatório das Metrópoles promoveram nos dias 17 e 18 de setembro o seminário “A Região Metropolitana de Curitiba e os Desafios para o Século 21”. O evento foi realizado no auditório da Administração, no Centro Politécnico.

Durante os debates, pesquisadores apresentaram resultados das pesquisas desenvolvidas pelo Núcleo Curitiba no período de 2000 a 2010. Além disso, a iniciativa mobilizou estudantes e profissionais envolvidos na administração pública para que reflitam sobre a necessidade de uma visão mais ampla da realidade socioespacial em que estão inseridos e de ações conjuntas a serem realizadas.

O prefeito de Pinhais e presidente da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Curitiba – Assomec, Luizão Goulart participou da mesa de debate e explanou sobre a gestão municipal e os desafios para se aplicar uma política de integração. “O crescimento desordenado somado a falta de planejamento há algumas décadas nos traz hoje uma situação complicada. É necessário um novo plano metropolitano, pois atualmente os municípios ao entorno de Curitiba representam muito mais no ponto de vista da população e de seus atrativos econômicos, comparados há alguns anos”, salientou.

Um dos assuntos abordados foi a questão metropolitana do Brasil, com a participação do coordenador nacional do Observatório das Metrópoles Luiz César de Queiroz Ribeiro, além dos representantes do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Vicente Correia Lima Neto e a professora Heloísa Costa da Universidade Federal de Minas Gerais.

Outro assunto diz respeito aos principais desafios e perspectivas da questão metropolitana em Curitiba na visão de atores e instituições. Segundo o secretário de Assuntos Metropolitanos de Curitiba, Neco Prado, a capitalhoje está com um olhar totalmente voltado às questões que envolvem a metropolitana. “Hoje não podemos pensar um plano de mobilidade ou uma solução eficiente na saúde sem pensar nos municípios que estão ao nosso redor, por isso, a Prefeitura de Curitiba está mobilizada”, disse.

De acordo com a pesquisadora Rosa Moura, do Ipardes, muitos moradores da região metropolitana não veem a cidade onde moram, porque estão trabalhando na capital ou estão dentro de um ônibus. “Quem leva de duas a quatro horas para se locomover está sofrendo muito”, destacou a pesquisadora. Um dos desafios propostos por ela está em estabelecer políticas de desconcentração entre a moradia e o trabalho. “Não adianta reestruturar o sistema viário, nem construir binários se não houver uma descentralização econômica.”

Para a coordenadora do seminário, professora Olga Firkowski é necessário ter um planejamento conjunto entre a capital e as cidades do entorno. É importante integrar as políticas e desenvolver as cidades por igual. As administrações são apenas locais. A mesma ideia é compartilhada pelo Coordenador Nacional do Observatório das Metrópoles e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Luiz César de Queiróz Ribeiro. Ela falou sobre os 15 aglomerados urbanos que o país tem hoje e que precisam de políticas globais. De acordo com Luiz César, O Brasil é um país urbano, porque 70% da capacidade tecnológica e das forças de trabalho estão nas metrópoles. E todos os projetos são pensados e implantados de forma local.

Durante o evento, foi lançado o livro “Território Metropolitano, Políticas Municipais: por soluções conjuntas de problemas urbanos no âmbito metropolitano”, editado pelo Ipea, produto do projeto de pesquisa “Metropolização: caracterização, institucionalidades e indicativos de política pública no Brasil”.