O Campeonato Brasileiro de 2014 era promissor. Já seria especial por ser disputado em ano de Copa do Mundo no Brasil. Além disso, era o primeiro a ter todas as Arenas da Copa disponíveis. Contudo, a competição já deu demonstrações que o futuro seria imperfeito. O declínio técnico se explicitava pelo alto número de jogadores veteranos (de 33 anos para cima) que brilhavam em suas equipes, o que suscitava uma pergunta: onde estavam os grandes jogadores brasileiros entre 23 e 30 anos? Se havia, não era no Brasileirão, oras…

O Brasileirão de 2015 é um reflexo da crise que assola o Brasil dentro de campo – a derrota de 7 a 1 para a Alemanha na Copa matou o país do futebol – e fora dele – a maioria dos clubes está sem dinheiro, assim como a maioria dos trabalhadores comuns.

A falta de dinheiro reflete diretamente na falta de jogadores qualificados nos elencos. Ronaldinho Gaúcho e Kaká, os últimos brasileiros eleitos melhores jogadores do mundo, deixaram o país em 2014 e rumaram para o futebol da América do Norte. De 2014 para este ano, o futebol brasileiro ainda perdeu outros jogadores para mercados incipientes do Mundo, como Emirados Árabes e China. Para essas praças debandaram Everton Ribeiro (craque do Brasileirão 2013), Ricardo Goulart (craque do Brasileirão 2014), Diego Tardelli (atual camisa 9 da seleção brasileira), Ederson (artilheiro do Brasileirão 2013), Barcos, Marcelo Moreno, Conca, Lucas Silva…

A situação chegou a tal ponto que prever o campeão fica difícil. Todos os times têm pontos fracos e podem entrar em crise. Ao final de 38 rodadas, vencerá quem tiver menos problemas.

Veja como está cada um dos 20 times do Brasileirão.

Atlético-MG

Campeão da Libertadores em 2013 e da Copa do Brasil no ano passado, o Atlético Mineiro enfrenta no Brasileirão de 2015 o desafio de provar a força do elenco em meio à disputa de outras competições para tentar encerrar um jejum que vem desde 1971, ano do seu único título da competição. Com a saída de Ronaldinho Gaúcho e Diego Tardelli, fica mais difícil.

Reforços: Para o Brasileirão, nenhum

TIME-BASE: Victor; Marcos Rocha, Jemerson, Leonardo Silva e Douglas Santos; Rafael Carioca, Leandro Donizete e Dátolo; Carlos, Lucas Pratto e Luan. Técnico – Levir Culpi.

Destaque: Lucas Pratto, atacante

Cotação: Briga por vaga na Libertadores

Atlético-PR

O Atlético Paranaense é um dos times que teve pior desempenho nos primeiros quatro meses do ano. Brigou para não ser rebaixado no Campeonato Paranaense, em boa parte devido aos desmandos da diretoria. E já está fora da Copa do Brasil. Só neste ano, Milton Mendes é o terceiro técnico na casamata – isso sem contar os que dirigiram o time sub-23.

Reforços: De peso mesmo, apenas o centroavante Walter, ex-Goiás e Fluminense.

TIME-BASE: Weverton; Eduardo, Gustavo, Lula e Natanael; Deivid, Paulinho Dias, Marcos Guilherme e Felipe; Crysan e Walter. Técnico: Milton Mendes.

Destaque: Walter, atacante

Cotação: Briga para não cair

 

Avaí

Depois de conseguir o acesso para a Série A do Brasileirão, o Avaí fez um péssimo Campeonato Catarinense e quase foi rebaixado. Precisou fazer um jogo de compadres na última rodada para não dar o vexame de cair. Agora, o time tenta se reerguer sob o comando Gilson Kleina – que esteve nas campanhas rebaixadas do Paraná (2007) e do Palmeiras (2912).

Reforços: O zagueiro Emerson (ex-Coritiba e Atlético-MG), o volante Adriano (ex-Grêmio), o lateral Nino Paraíba (ex- Vitória).

TIME-BASE: Diego; Nino Paraíba, Philipe Maia, William Roch e Romário; Eduardo Costa, Uelliton, Dennis e Marquinhos; Roberto e André Lima. Técnico: Gilson Kleina.

Destaque: Marquinhos, meia

Cotação: Briga para não cair

 

Chapecoense

A permanência na elite do futebol nacional, em 2014, contra todas as expectativas, não mudou a postura da austera diretoria da Chapecoense. Para seu segundo ano na Série A, o clube catarinense não apresentou nomes conhecidos e nem cedeu à tentação de ameaçar sua folha salarial com reforços de peso.

Reforços: o volante Bruno Silva (que teve passagem pelo Atlético) e o meia Wagner, ex-Cruzeiro-RS.

TIME-BASE:  Nivaldo; Apodi, Vilson, Rafael Lima e Dener; Elicarlos, Gil, Maylson e Camilo; Ananias e Roger. Técnico: Vinícius Eutrópio.

Destaque: Roger, atacante

Cotação: Briga para não cair

 

Corinthians

O Corinthians talvez tenha sido a melhor equipe do futebol brasileiro na média destes primeiros meses de temporada. A volta de Tite resultou no retorno de um futebol compacto e de muita marcação. Só que o time tem pecado nas horas decisivas. Saiu do Paulistão ainda invicto – perdeu nos pênaltis para o Palmeiras – e se complicou no mata-mata da Libertadores. Além disso, vai perder Elias e Guerrero durante a Copa América

Reforços: nenhum

TIME-BASE: Cássio; Fagner, Felipe, Gil e Fábio Santos (Uendel); Ralf, Elias, Jadson, Renato Augusto e Emerson; Guerrero. Técnico: Tite.

Destaque: Guerrero, atacante

Cotação: Briga pelo título

 

Coritiba

De todos os times do Brasileirão que decidiram títulos estaduais, o Coritiba foi quem teve a maior decepção: favorito à conquista do Paranaense, o time foi humilhado pelo Operário com duas derrotas e nenhum gol marcado nas finais. Apesar do discurso dos dirigentes, a perspectiva máxima é não passar o ano todo flertando com o rebaixamento.

Reforços: Ruy, meia do Operário

TIME-BASE: Vaná; Norberto, Luccas Claro, Leandro Almeida e Welinton; Carlinhos, João Paulo, Helder e Negueba; Wellington Paulista e Rafhael Lucas. Técnico: Marquinhos Santos.

Destaque: Rafhael Lucas, atacante

Cotação: Briga para não cair

 

Cruzeiro

O Cruzeiro inicia a edição de 2015 do Campeonato Brasileiro sonhando com o tricampeonato consecutivo. Mas a base do time campeão em 2013 e 2014 foi desfeita, com as saídas do o volante Lucas Silva, do meia Everton Ribeiro, do meia-atacante Ricardo Goulart, do lateral-esquerdo Egídio e do atacante Dagoberto.

Reforços: Para o Brasileirão, nenhum

TIME-BASE: Fábio; Mayke, Léo, Manoel e Mena; Williams, Henrique e De Arrascaeta; Willian, Leandro Damião e Marquinhos. Técnico: Marcelo Oliveira.

Destaque: De Arrascaeta, meia

Cotação: Briga por vaga na Libertadores

 

Figueirense

O Figueirense estreará no Campeonato Brasileiro, contra o Sport, ainda pensando no Campeonato Catarinense. Mesmo superado pelo Joinville na final, o time de Florianópolis tem chance de ficar com o título em razão de um imbróglio judicial, a ser desfeito pela Justiça Desportiva nas próximas semanas. Fica difícil manter o foco no Brasileirão.

Reforços: o goleiro Felipe (ex-Corinthians e Flamengo), o meia Carlos Alberto (ex-Vasco, Grêmio e Botafogo) e o atacante Everaldo, que pertence ao Grêmio.

TIME-BASE: Felipe; Fabinho, Marquinhos, Thiago Heleno e Pedroso; Dener, França, Dudu, Carlos Alberto e Mazola; Clayton. Técnico: Argel Fucks.

Destaque: Carlos Alberto, meia

Cotação: Briga para não cair

 

Flamengo

Com um elenco mais entrosado que em 2014, o time comandado por Luxemburgo iniciou o ano como favorito ao título do Campeonato Carioca, mas apresentou um futebol aquém do esperado e nem sequer chegou à final da competição. A principal arma é o setor ofensivo. O time conta com três atacantes muito velozes – Gabriel, Everton e Marcelo Cirino.

Reforços: O lateral-esquerdo colombiano Armero (ex-Palmeiras e que disputou a Copa de 2014), além do meia Almir, destaque no Carioca pelo Bangu.

TIME-BASE: Paulo Victor; Pará, Bressan, Wallace e Anderson Pico; Jonas, Canteros e Arthur Maia; Everton, Marcelo Cirino e Gabriel. Técnico – Vanderlei Luxemburgo.

Destaque: Marcelo Cirino, atacante

Cotação: Briga por vaga na Libertadores

 

Fluminense

O Fluminense perdeu o seu principal nome: a Unimed, patrocinadora da equipe desde 2000. Dos cofres que pareciam infinitos vieram a maioria dos reforços dos últimos 15 anos. Sem isso, o clube perdeu jogadores importantes. Dentro das limitações, a diretoria até que conseguiu reestruturar o clube e manter um time competitivo. Falta, porém, um padrão de jogo à equipe.

Reforços: O zagueiro Antônio Carlos (ex-Atlético e São Paulo) e o volante Pierre (ex-Paraná e que estava no Atlético-MG), além do atacante veterano Magno Alves, de 39 anos.

TIME-BASE: Diego Cavalieri; Wellington Silva, Gum, Marlon e Giovanni; Pierre, Edson, Jean e Vinícius; Kenedy (Magno Alves) e Fred. Técnico – Ricardo Drubscky.

Destaque: Fred, atacante

Cotação: Briga por vaga na Libertadores (se Fred não se machucar)

 

Goiás

Como todos os anos, o Goiás terá uma equipe modesta, sem grandes estrelas, mas com muita vontade e garra. Esta é a promessa da diretoria e do técnico Hélio dos Anjos para a sequência da temporada, que já foi premiada com a conquista do título do Campeonato Goiano no último final de semana.

Reforços: O zagueiro Fred, o lateral-esquerdo Rafael Foster e o atacante Wesley, todos do futebol gaúcho – de Novo Hamburgo, Brasil (de Pelotas) e Cruzeiro, respectivamente. O clube ainda tenta o retorno do meia Léo Lima, de 33 anos.

TIME-BASE: Renan; Everton, Felipe Macedo, Alex Alves e Juliano; Ygor, Rodrigo, Esquerdinha e Felipe Menezes; Erik e Bruno Henrique. Técnico: Hélio dos Anjos.

Destaque: Erik, atacante

Cotação: Fica no meio da tabela

 

Grêmio

O Grêmio começa o Brasileirão com o moral em baixa. Perdeu mais uma final de Campeonato Gaúcho para o Internacional. O time não conquista nada há cinco anos. Ao contrário de outros anos, quando tinha elencos caros, o time tem poucos jogadores de peso. O único reforço de peso deste ano, o uruguaio Christian Cebolla Rodriguez, pode voltar à Europa em junho.

Reforços: Bruno Grassi, goleiro do Cruzeiro-RS

TIME-BASE: Marcelo Grohe; Matias, Pedro Geromel, Rhodolfo e Marcio Oliveira; Felippe Bastos, Maicon, Giuliano, Luan (Cebolla Rodríguez) e Douglas; Braian Rodríguez. Técnico: Luiz Felipe Scolari.

Destaque: Giuliano, meia

Cotação: Fica no meio da tabela

 

Internacional

Há cinco anos o Internacional fatura o Campeonato Gaúcho e surge como candidato ao título nacional, pelos jogadores que possui no elenco. Nos últimos quatro Brasileirões, a única conquista foi uma vaga na Libertadores. O técnico, o uruguaio Diego Aguirre, começou o ano contestado, mas fez o time jogar melhor quando afastou medalhões e colocou garotos como Valdivia.

Reforços: Para o Brasileirão, nenhum

TIME-BASE: Alisson; Léo (William), Ernando, Alan Costa e Geferson; Rodrigo Dourado, Aránguiz, Valdivia, D’Alessandro e Eduardo Sasha; Nilmar. Técnico: Diego Aguirre.

Destaque: Valdivia, meia

Cotação: Briga por título

 

Joinville

Na última vez em que jogou o Brasileirão, em 1986, o Joinville foi um dos pivôs do Campeonato mais turbulento da história – ganhou pontos no tapetão e com isso desclassificou o Vasco, algo que levou a CBF a uma virada de mesa. A consequência imediata foi a criação do Clube dos 13. Campeão da Série B, vai ficar satisfeito se não for rebaixado.

Reforços: Dankler (ex-Botafogo), Rafael Donato (ex-Cruzeiro), Héracles e Mário Sérgio (ambos ex-Atlético-PR), Trípodi (ex-Santos) e o interminável Marcelinho Paraíba, 39 anos, ex-Coritiba, São Paulo, Flamengo e que estava na Inter de Lages.

TIME-BASE: Oliveira; Sueliton, Bruno Aguiar, Guti (Rafael Donato) e Rogério; Naldo, Augusto César e Marcelo Costa (Wellington Saci); Welinton Junior (Marcelinho Paraíba), Kempes e Tiago Luis. Técnico: Hemerson Maria.

Destaque: Marcelo Costa, meia

Cotação: Briga para não cair

 

Palmeiras

Depois do susto em 2014, quando só se salvou do (terceiro) rebaixamento na última rodada, o Palmeiras abriu os cofres e se encheu de reforços: mais de 20, incluindo Arouca, Zé Roberto, Cleiton Xavier, Egídio, Robinho (ex-Coritiba) e Dudu. Mas o time ainda é dependente do chileno Valdivia, que vive machucado. E perdeu o Paulistão para um Santos tecnicamente inferior.

Reforços: Para o Brasileirão, nenhum

TIME-BASE: Fernando Prass; Lucas, Victor Ramos (Tobio), Vitor Hugo, Zé Roberto; Arouca, Gabriel, Robinho (Cleiton Xavier), Valdivia (Rafael Marques), Dudu; Leandro Pereira. Técnico: Oswaldo de Oliveira.

Destaque: Robinho, meia

Cotação: Briga pelo título

 

Ponte Preta

Time mais velho do Brasileirão (115 anos) e único que nunca ganhou um título, a Ponte Preta está pouco cotada para ganhar o Brasileirão. Mesmo porque tem uma das menores cotas entre os 20 participantes. Estima-se que receberá menos de R$ 20 milhões. O orçamento limitado obriga o clube a fazer investimentos menos ousados.

Reforços: O experiente atacante Borges, ex-Paraná Clube, São Paulo, Santos e Cruzeiro.

TIME-BASE: Marcelo Lomba; Rodinei, Tiago Alves, Pablo e Gilson; Josimar, Fernando Bob, Paulinho (Juninho) e Renato Cajá; Biro Biro e Borges. Técnico: Guto Ferreira.

Destaque: Borges, atacante

Cotação: Briga para não cair, mas tem potencial para ficar no meio da tabela

 

Santos

Nos últimos sete anos, o Santos foi finalista do Campeonato Paulista e coadjuvante no Brasileirão. O time sagrou-se campeão paulista novamente neste ano e superou bem a saíuda de jogadores importantes, como o zagueiro Edu Dracena, o lateral-esquerdo Mena, o goleiro Aranha e o volante Arouca. Mas depende de Robinho: se ele sair – o empréstimo feito pelo Milan expira em junho –, o time cai de patamar.

Reforços: Para o Brasileirão, nenhum

TIME-BASE: Vanderlei; Victor Ferraz, David Braz, Werley e Chiquinho; Valencia, Renato, Lucas Lima e Geuvânio; Robinho e Ricardo Oliveira. Técnico: Marcelo Fernandes.

Destaque: Robinho, atacante

Cotação: Briga por vaga na Libertadores (se Robinho não sair; se sair, fica no meio da tabela)

 

São Paulo

No papel, o São Paulo entra como um dos favoritos. Na prática, precisa antes mostrar se tem um time de futebol ou um catado de bons jogadores. O elenco recheado de estrelas, que conta com Rogério Ceni, Dória, Ganso, Michel Bastos, Pato, Luis Fabiano e Alan Kardec ainda não mostrou a que veio na temporada.

Reforços: Para o Brasileirão, nenhum

TIME-BASE: Rogério Ceni; Bruno (Hudson), Rafael Toloi, Dória e Carlinhos; Denilson, Souza, Michel Bastos e Ganso; Pato e Luis Fabiano. Técnico: Milton Cruz.

Destaque: Michel Bastos, meia

Cotação: Briga por vaga na Libertadores

 

Sport

O começo da temporada de 2015 para o Sport não foi o que todos imaginavam na Ilha do Retiro. Muito irregular em campo, o time pernambucano patinou tanto no Estadual como na Copa do Nordeste. A cultura no Brasil faria com que o técnico Eduardo Baptista, filho de Nelsinho Baptista, fosse demitido e o clube iniciasse o Campeonato Brasileiro sob nova direção. Mas o treinador tem crédito com a diretoria.

Reforço: Hernane, ex-Paraná Clube e que se destacou no Flamengo.

TIME-BASE: Magrão; Oswaldo, Ewerton Páscoa, Samuel Xavier e Renê; Rodrigo Mancha, Diego Souza e Élber; Samuel, Hernane e Joelinton. Técnico: Eduardo Baptista.

Destaque: Diego Souza, meia

Cotação: Fica no meio da tabela

 

Vasco

O Vasco inicia o Brasileirão feliz, já que conquistou o Campeonato Carioca – torneio que não faturava desde 2003 – e por isso traça objetivos ambiciosos, como o título. Por outro lado, o clube é egresso da Série B, da qual não foi campeão em 2014. Times vindos da Segunda Divisão em geral não chegam perto nem da zona de acesso à Libertadores.

Reforços: O lateral-esquerdo Julio César, ex-Botafogo, e o volante Diguinho, ex-Fluminense, além do atacante Eder Luís, que retorna ao Vasco para compor o setor ofensivo.

TIME-BASE: Martín Silva; Madson, Luan, Rodrigo e Christianno; Guiñazu, Serginho, Julio dos Santos e Rafael Silva; Dagoberto e Gilberto. Técnico – Doriva.

Destaque: Martín Silva, goleiro

Cotação: Fica no meio da tabela