Em meio a um imbróglio judicial, o jornalista Carlos Moraes (PRTB) tenta provar a legitimidade de sua candidatura. Enquanto aguarda a decisão do Tribunal Superior Eleitoral, ele tem um desafio ainda maior: conquistar o eleitor curitibano. Apesar do pouco tempo de televisão, o candidato aproveita para polemizar e apresentar propostas diferentes, como o aerotrem.
Moraes, que se diz injustiçado, concedeu entrevista ao Jornal do Estado onde falou de suas propostas e atacou alguns adversários, que segundo ele, até hoje só administraram o copo de leite até a boca.

Jornal do Estado – O senhor enfrenta uma batalha judicial para conseguir manter sua candidatura. Até que ponto isso é viável?
Carlos Moraes – Casos iguaizinhos no âmbito eleitoral estão recebendo sentenças diferentes, privilegiando a maioria e me discriminando. Me desfiliei do PSC no dia 05 de outubro de 2011 e ingressei no PRTB no dia 07 de outubro. Tudo dentro do prazo. No entanto, a terceira zona da justiça eleitoral foi comunicada apenas 20 dias depois que estava filiado em outro partido. Essa falta de comunicação ocorreu com outros eleitores também, mas em outras zonas eleitorais. Se por um lado a juíza da 3ª zona eleitoral, Renata Estorilho Baganha, indeferiu o meu pedido de se valer da última filiação, o mesmo não ocorreu nas demais zonas eleitorais, como por exemplo na primeira zona. Essas decisões distintas fizeram com que moradores de bairros mais ricos da cidade pudessem ser candidatos normalmente. Sinto-me discriminado. Quer dizer que se eu fosse morador do Batel, considerado bairro rico eu estaria candidato. O segundo pedido de impugnação da nossa candidatura também cai por terra diante de um questionamento simples. O que vale mais? As regras do estatuto de um partido com meras formalidades validando uma convenção fraudada, ou a ata da convenção que teve legitimidade,devidamente registrada no TRE/PR no dia da convenção?Em sua sentença, o juiz se baseia no estatuto do partido, alegando que as regras internas determinam, em um de seus parágrafos, que nos municípios com mais de 200 mil habitantes a convenção tem que registrar em sua ata as assinaturas dos presidentes estadual e nacional. Jesus amado, esse entendimento é considerar que o estatuto partidário é superior à legislação eleitoral e que empunhando um estatuto presidentes nacionais e estaduais de partidos podem validar convenções fraudulentas.

JE – Não ter o apoio do partido é um de seus maiores desafios?
Moraes – Houve racha no PRTB no dia da convenção, mas tenho apoio da maioria dos membros do partido de Curitiba. O presidente estadual e municipal do PRTB, Nivaldo Ramos, disse a todos os presentes na convenção que não iria fechar a ata. Como eu era no dia o vice-presidente da comissão provisória do PRTB municipal,assumi os trabalhos e coloquei em votação se iríamos com candidatura própria ou ficaríamos como desejava o presidente. A maioria votou pelo lançamento de candidatos. Por isso estou na disputa com a aprovação da maioria do diretório de Curitiba.Tenho apoio da maioria do partido em âmbito municipal, responsável por essa decisão conforme o estatuto e a legislação.

Tablet é mais barato que material impresso

Jornal do Estado – Em seu plano de governo, o senhor fala muito em tecnologia. Inclusive uma das propostas é dar um computador ou tablet para todos os alunos. Como vai por em prática isso? Tem ideia dos custos que isso irá gerar?
Carlos Moraes – O custo do tablet gratuito para todos os alunos e professores fica mais barato que parte do material impresso disponibilizado pela prefeitura. A ideia é cortar menos árvores e diminuir o material em papel. A biblioteca de cada escola pode atender os alunos com os livros quando forem necessários. Vamos diminuir o peso da mochila dos nossos alunos e partir para a educação moderna, com a tecnologia da informação. Os ministérios das comunicações, da ciência e tecnologia têm fundos para a universalização da tecnologia, basta apresentar projetos. Ao contrario do que muita gente pensa, a tecnologia da informação diminui custos em vez de aumentá-los.

JE – No plano de governo também fala-se em suprir a demanda por vagas em creches. Esse projeto inclui quantas e verba da onde?

Moraes – É uma questão de prioridade no orçamento. Dinheiro existe e muito. Vamos criar em quatro anos 12 mil vagas em creches para zerar esse problema. Olhe bem, por exemplo, para os gastos consumidos pela fracassada Linha Verde, o contrato da prefeitura com a empresa que recolhe o lixo, e ao mesmo tempo para os olhos das nossas crianças sem creche. Vou criar também em regiões estratégicas da cidade creches para funcionar durante toda a noite e atender as mães que trabalham no horário noturno como enfermeiras,frentistas de postos,restaurantes,casas noturnas etc. (AK)

Ao invés do metrô, o aerotrem

Jornal do Estado – Caso seja eleito, o metrô sairá do papel?
Carlos Moraes – Não tenho dúvida de que a melhor proposta entre todas apresentadas até agora para resolver esse drama do o trânsito de Curitiba, é a minha. Sinto esse apoio, essa aprovação pelas ruas da cidade. Imaginem o aerotrem sobre a nossa linda Curitiba. Uma obra bem mais barata que o metrô que estão querendo construir embaixo da terra, rasgando o nosso solo e provocando mil vezes mais impacto ambiental do que a construção do aerotrem. O aerotrem é silencioso, tocado a energia limpa, rápido, seguro e vai ligar os bairros e os municípios metropolitanos ao centro da cidade. As estações serão alimentadas por ônibus pequenos e confortáveis. Vamos colocar os gigantescos biarticulados para rodar em áreas com mais espaço. Porque nas pequenas cidades não existe congestionamento? Porque tem mais ruas que carros. Vamos livrar a cidade do trânsito caótico nos grandes bairros e nas regiões centrais onde hoje não é possível caminhar, pedalar e trafegar. Construir estacionamentos subterrâneos regulamentados, que sejam ambientalmente seguros nas regiões criticas da cidade, onde hoje é impossível encontrar vaga para estacionar. Liberar a primeira meia hora grátis na superfície dessas regiões que hoje estão congestionadas para os serviços rápidos do dia a dia da nossa gente. Dessa forma vamos livrar essas regiões do congestionamento, humanizando o trânsito e dando mobilidade urbana com a construção de ciclovias seguras em toda a cidade. O pedestre também caminhará com segurança. Defendo que os empresários que hoje atuam no setor do transporte coletivo de Curitiba e Região Metropolitana sejam parceiros da prefeitura e administrem também o aerotrem com um cronograma justo de investimentos.  Podemos economizar muito e ter o melhor sistema de transporte entre todas as cidades do mundo.

JE – O senhor fala em criação da Policia Municipal. Qual a diferença da já existente Guarda Municipal?
Moraes – A Guarda Municipal não tem a valorização devida e o poder de polícia. Vamos criar a Policia Municipal Inteligente de Curitiba, treinada para usar armas e equipamentos modernos e dar pronto atendimento à população.Vamos ter grupos táticos como a Swat para se deslocar com uma rapidez superior a do SIATE e SAMU aos locais de conflitos, violência e perturbação.
A população não pode esperar pela presença da polícia por 5 ou 6 horas em casos onde pode ser evitado o pior. Rapidez e se possível resolver a maior parte dos casos na hora encaminhando os envolvidos para as delegacias.

JE – Que outras propostas tem para a área de segurança pública?

Moraes – Monitoramento do movimento de toda cidade em uma central inteligente ligada as polícias.Taxistas e motoristas de ônibus com comunicação direta para informar acidentes,brigas,atos suspeitos. Eles rodam por toda a cidade e se deparam diariamente com os acontecimentos do dia a dia da cidade. O SIATE, esse serviço elogiável, eficiente, demora muitas vezes 30, 40 minutos para deslocar suas equipes de socorro porque precisa checar antes e saber se é verdade que houve o acidente com vitimas ou trata-se de trotes, ou informações exageradas. Com os taxistas e motoristas de ônibus cadastrados e ligados com comunicação moderna a essas centrais o tempo de atendimento será diminuído, pois  muitas vezes o atraso de um minuto no atendimento pode custar uma vida. (AK)

Parceria com igrejas na ação social

Jornal do Estado –  Outra proposta sua é a de financiamento de 100% dos projetos sociais desenvolvidos pelas igrejas. Isso não fere a legislação?
Carlos Moraes – Não fere a legislação não. A Secretaria da Ação Social, hoje mesmo com todo profissionalismo e dedicação de psicólogos, médicos, assistentes sociais, não consegue um bom índice resultado em suas ações. As igrejas, mesmo sem contar com toda a estrutura da prefeitura, têm índices elevadíssimos de recuperação e atendimento entre os dependentes químicos, crianças de rua, violência doméstica, moradores de rua e penitenciárias. A Secretaria da Ação Social será a fiscalizadora desses projetos que serão financiados em 100% junto às igrejas. Vamos entrar com os nossos profissionais e técnicos e as igrejas com o espaço e o trabalho de homens e mulheres de Deus. Atualmente já existem alguns convênios da prefeitura com instituições religiosas, mas não são eficientes e não funcionam.  
JE – O senhor nunca assumiu nenhum cargo politico. Se considera um candidato preparado para administrar uma cidade como Curitiba?
Moraes – Sou pós-graduado em gerenciamento de cidades. Já fundei e administrei empresas de comunicação que fazem sucesso até hoje nos campos: social, administrativo e financeiro. Entre meus concorrentes tem candidatos que até hoje só administraram o copo de leite até a boca e estão entre os primeiros colocados nas pesquisas. Talvez seja por falta de conhecimento de uma parcela dos eleitores e da própria mídia ou ainda dinheiro. Tenho as melhores propostas para Curitiba. (AK)