Os acidentes de trabalho são responsáveis pela perda de 4% do PIB brasileiro. De acordo com os dados do Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho foram registrados em 2007, em todo o País, 503.890 acidentes de trabalho.  A incidência de acidentes caiu em relação a 2006 e 2005, porém ainda é muito alta, devido às condições precárias de trabalho como uso de máquinas obsoletas e processos inadequados.

As empresas também perdem bastante com acidentes de trabalho. Quando não existe uma atenção à legislação trabalhista e às modificações necessárias para manter o ambiente longe dos riscos de acidentes, os prejuízos podem ser grandes. “Toda vez que acontece algum acidente ou um funcionário é afastado por problemas ocupacionais, a empresa perde em tempo, mão-de-obra, produção e qualidade de vida no trabalho, além dos gastos financeiros implicados na situação”, afirma o fisioterapeuta do trabalho Rodrigo Azevedo de Oliveira, coordenador da área de ergonomia da empresa Serviços Especializados de Fisioterapia do Trabalho (Sefit).
Há mais de dez anos o Ministério do Trabalho e do Emprego alerta os empregadores sobre a prevenção de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Em 23 de novembro de 1990, foi instituída a Norma Regulamentadora 17 que dispõe de várias questões sobre ergonomia no ambiente de trabalho. Apesar de ser lei, muitas empresas ainda não conhecem a NR17, e expõe seus funcionários a situações de risco de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. “Poucas empresas seguem a legislação. A maioria só adapta seus ambientes à norma após a fiscalização, quando já foram multadas ou advertidas”, observa o fisioterapeuta.

A NR17 regulamenta claramente diversos aspectos do ambiente e das tarefas do trabalho. Um exemplo é o mobiliário. “Cadeiras, mesas, bancadas de trabalho ideais são descritas nas disposições, além da melhor forma de utilização de equipamentos”, aponta Oliveira. Outras orientações dizem respeito às tarefas dos funcionários, como realizá-las com maior segurança e distribuí-las melhor ao longo da rotina diária. “O transporte e levantamento de materiais, por exemplo, são detalhados de acordo com vários critérios, desde o peso da carga à idade do trabalhador”, comenta Oliveira.
O Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde de Curitiba e Região Metropolitana (Sindesc) desenvolve um trabalho para tentar conscientizar os profissionais sobre os cuidados que devem ser tomados. A presidente do Sindicato, Isabel Cristina Gonçalvez, relata que a questão emocional é um dos fatores que mais contribui para a ocorrência dos acidentes. “Nós estamos o tempo todo lidando muito próximo da morte o que aumento o estresse emocional, facilitando os acidentes”, conta.

Além disso, há a sobrecarga de trabalho. “É visível a falta de profissionais em alguns hospitais. Nós temos um caso de um grande hospital da cidade em que há apenas um auxiliar de enfermagem para 30 pacientes no período noturno, o que é um absurdo”, diz sem revelar o nome da instituição.

O Conselho Regional de Enfermagem, através da assessoria de imprensa, informou que faz a fiscalização dos estabelecimentos para também verificar as condições de trabalho oferecidas aos profissionais. No entanto, a legislação delega ao órgão apenas a possibilidade de fazer uma notificação sobre as irregularidades que, se não corrigidas, podem resultar na cassação da carteira de funcionamento do local. (AE)