As poderosas federações de futebol da Europa anunciaram que vão dar seu apoio para que a Copa do Mundo de 2022 ocorra no inverno no hemisfério norte. Assim, pela primeira vez em décadas, o torneio deixaria de ser disputado no meio do ano. A decisão foi tomada nesta quinta-feira pela Uefa ao consultar as 54 federações nacionais. Mas ainda não existe um consenso sobre quando o torneio seria disputado. A entidade pediu que a Fifa, antes de determinar a nova data, realize uma ampla consulta com os clubes para chegar a um acordo sobre quando seria o melhor momento do ano para a competição no Catar.

Joseph Blatter, o presidente da Fifa, já reconheceu que foi “um erro” dar ao país árabe o direito de sediar a Copa em pleno verão no Oriente Médio. Nesta semana, chegou a dizer que a decisão havia sido “política”. Mas, diante da pressão internacional, Blatter aceitou que não havia como disputar jogos em pleno verão e propôs que sua entidade votasse uma nova data na reunião do dia 3 de outubro em Zurique.

O problema é que a transferência da Copa para o inverno europeu significa a interrupção de campeonatos milionários, entre eles a Liga dos Campeões. Os ingleses e alemãs rapidamente se opuseram à modificação, com presidentes de clubes e dirigentes chegando a levantar a possibilidade de pedir indenizações milionárias ao Catar e à Fifa se isso ocorresse.

Nesta quinta, porém, a Uefa chegou a um acordo de que, de fato, não ha como disputar a Copa num deserto em pleno verão. “Chegamos a uma decisão sensata”. disse Jim Boyce, vice-presidente da Uefa. “Há um acordo entre os países da Uefa de que a Copa não pode ser jogada no verão. Todos concordaram com isso”, disse. “Mas o que não queremos é que a Fifa decida já a data exata de quando o torneio ocorreria”, insistiu.

“Temos ainda nove anos pela frente e as pessoas sentem que a Fifa deve se sentar com os principais atores para chegar a uma solução que cause o mínimo de problemas para o futebol”, insistiu.

Entre clubes, federações e a Fifa, o desacordo é total sobre a data da Copa. Os ingleses insistem que querem a semana entre o Natal e o Ano Novo para os clubes e as ligas domesticas. A Uefa defende que a Copa ocorra em janeiro, justamente para não forçar a Liga dos Campeões a ter de mudar seu calendário.

Já a Fifa quer a Copa entre novembro e dezembro, justamente para não coincidir com os Jogos Olímpicos de Inverno. As duas competições ao mesmo tempo poderiam gerar uma divisão da audiência que não seria positivo nem para a Fifa e nem para o COI.