DIANA BRITO LONDRES, REINO UNIDO (FOLHAPRESS) – No rodapé de entrada da sacristia na milenar Catedral de Southwark, em Londres, Doorkins encontra diariamente água, comida e um aquecedor para escapar do auge do inverno europeu. Depois de trocar as ruas pelo abrigo na igreja, a gata vira-lata passou a atrair fiéis, ganhou as redes sociais e arrecadou 10 mil libras (R$ 44 mil) em menos de seis meses para a congregação. Conhecida como “Magnificat” —que significa no Evangelho “canto de Maria— a felina se tornou ainda mais popular depois de ser fotografada com a rainha na celebração dos 60 anos de reinado em 2012, na igreja. “Minha história favorita com Doorkins é de quando ela dormiu e não se levantou mais durante a visita da rainha Elizabeth. Enquanto o dia corria estressante para muitos ali, para Doorkins se tratava apenas de uma visita como outra qualquer”, disse a médica neurologista inglesa Lisa Gutwein, 34, autora do livro “Doorkins the Cathedral Cat” (Doorkins, a gata da catedral). PRESENTES Por dia, a felina recebe em média duas a três visitas e neste ano foi surpreendida com presentes de Natal. “Já comeu quase tudo que ganhou. Ela só não gosta que a peguem no colo, mas recebe a gente muito bem”, afirmou Limbert Tape, 67, um dos sacristãos que ajuda a cuidar da gata Doorkins. Frequentadora da catedral há mais de dez anos, Gutwein foi batizada e se casou na diocese e acompanhou a trajetória da gata —que se abrigou por conta própria no espaço depois de percorrer os arredores vizinhos do famoso Borough Market, na margem sul do rio Tâmisa, perto da Ponte de Londres. Gutwein teve a ideia de escrever um livro ilustrado infantil sobre a felina. Lançado em julho, a obra vendeu mais de 6.000 cópias, sendo mil só na loja da catedral. O livro também foi distribuído em diferentes continentes e na América Latina. “A maior parte das histórias que escrevi são reais. Ela é parte da congregação porque está sempre lá”, diz a autora. LEMBRANCINHAS Marcadores de livros, cartões, enfeites e adereços com a imagem da gata também passaram a ser vendidos e Doorkins virou a mascote do lugar, com fotos espalhadas pelos corredores centenários. “Ela deixa a igreja mais agradável e por isso atrai pessoas, novos frequentadores —inclusive não religiosos— que vem aqui só por causa dela”, diz Jon Dollin, 42, um dos responsáveis pela loja da igreja. Sacristãos contam que, em junho, após o ataque terrorista no Borough Market, que deixou ao menos sete mortos, a igreja precisou ser interditada e Doorkins recebeu assistência de policiais que trabalhavam na perícia. A catedral anglicana tem sido um lugar de adoração cristã há mais de mil anos, mas é um santuário anglicano só desde a criação da diocese de Southwark, em 1905. De 1.106 a 1538, o local foi a igreja de um convento agostiniano.