Uma embarcação ilegal transportando centenas de imigrantes africanos para a Europa pegou fogo e afundou hoje no Mar Mediterrâneo, perto da ilha siciliana de Lampedusa, provocando a morte de pelo menos 114 pessoas, informaram autoridades locais. Helicópteros, embarcações da Guarda Costeira italiana e até mesmo barcos pesqueiros estão sendo usados na busca por sobreviventes.

Até agora, 94 corpos foram recuperados e os cadáveres de outras 20 vítimas foram avistados por mergulhadores da Guarda Costeira no leito submarino, a cerca de 40 metros de profundidade, em volta do que sobrou do barco incendiado, disse a comandante Floriana Segreto. Segundo ela, os mergulhadores ainda não entraram na embarcação e estão esperando o tempo melhorar um pouco antes de recuperarem os corpos localizados.

Este já é um dos mais mortíferos naufrágios ocorridos na arriscada travessia do Mediterrâneo por imigrantes africanos que buscam uma vida melhor na Europa e acabam cooptados por traficantes de seres humanos. A expectativa, porém, é que o número de mortos aumente ainda mais, à medida que as buscas progredirem.

Estima-se que cerca de 500 pessoas estivessem a bordo. Mais de 150 sobreviventes foram resgatados até o momento, mas estima-se que cerca de 250 pessoas ainda estejam desaparecidas, segundo o comissário de saúde do governo para Palermo, Antonio Candela.

Apenas três das cerca de cem mulheres que estavam a bordo foram resgatadas até agora. Também havia crianças na embarcação, mas nenhuma foi salva por enquanto.

“A maioria deles não sabia nadar. Só os mais fortes sobreviveram”, disse Simona Moscarelli, conselheira jurídica da Organização Internacional de Migração (OIM), sediada em Roma.

“É uma tragédia imensa”, sentenciou Giusi Nicolini, prefeito de Lampedusa, que é mais próxima da África do que da Itália. A ilha situa-se a pouco mais de 100 quilômetros da costa da Tunísia.

“Vamos precisar de caixões, não de ambulâncias”, avisou Pietro Bartolo, secretário de saúde da ilha.

Diante da dimensão da tragédia, o ministro do Interior da Itália, Angelino Alfano, cancelou os compromissos marcados para hoje e se dirigiu para Lampedusa com o objetivo de supervisionar as operações de resgate.

Alfano disse a jornalistas que a embarcação de 66 pés começou a afundar depois que o motor parou. Como não tinham nenhum telefone ou rádio para pedir socorro, os passageiros fizeram fogo para mandar um sinal e serem avistados, mas as chamas tomaram conta da embarcação.

O papa Francisco, que visitou Lampedusa em julho, rapidamente enviou condolências. Fonte: Associated Press.