JULIO WIZIACK E TONI SCIARRETTA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O BTG Pactual informou nesta quarta-feira (2) que o banqueiro André Esteves, preso desde a semana passada, deixou o controle da instituição financeira. A saída se deu por meio de uma troca de ações do banqueiro na holding que controla o banco por papéis comuns da instituição, fora do bloco de controle.
Esteves detinha 28,8% da holding, que por sua vez tem 80% do BTG Pactual. Com o negócio, o banqueiro segue como um acionista, mas como qualquer outro que compra ações no mercado. Logo, não participa mais das decisões da instituição.
Com a mudança, os sócios Marcelo Kalim, Roberto Sallouti, Persio Arida, Antonio Carlos Porto Filho, James Marcos de Oliveira, Renato Monteiro dos Santos e Guilherme da Costa Paes passam a ser os principais controladores do BTG Pactual.
A alteração de controle societário está sujeita a aprovação do Banco Central.
A BM&FBovespa informou que suspendeu as negociações com as units (conjunto de ações) do banco BTG Pactual até as 14h (de Brasília), enquanto aguarda esclarecimentos sobre a alteração.
Esteves foi detido na semana passada sob a acusação de colaborar com uma trama para atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato em conjunto com Delcídio Amaral (PT-MS), líder do governo Dilma Rousseff no Senado.
A saída do banqueiro começou a ser discutida pelos sócios no final de semana com a possibilidade de que sua prisão fosse mantida.
Grandes investidores, especialmente os estrangeiros, têm regras que os impedem de manter recursos se houver acusações contra o banco. A permanência de Esteves na prisão poderia ser interpretada pelo mercado como sinal de que há mais evidências de seu envolvimento no escândalo da Lava Jato.
No domingo, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, determinou que a prisão fosse prolongada, o que levou à renúncia de Esteves.
VENDA DA REDE D’OR
O banco BTG Pactual informou nesta quarta que vendeu ao fundo soberano de Cingapura GIC ações da Rede D’Or São Luiz, a maior rede de hospitais privados do país. O negócio totaliza aproximadamente R$ 2,38 bilhões.
Em maio, o GIC tinha comprado 16% da participação do BTG na empresa por R$ 3,2 bilhões.
A venda da participação do BTG na rede de hospitais era negociada desde agosto, mas a prisão de Esteves acelerou as conversas.
O banco busca reforçar suas reservas para mostrar aos clientes que está capitalizado e tem fôlego para enfrentar uma onda maior de saques de clientes.
A instituição afirma ter cerca de R$ 40 bilhões em caixa, mas desde a prisão de Esteves os resgates já somaram pelo menos R$ 9,2 bilhões, descontados eventuais depósitos, segundo a consultoria ComDinheiro.
Segundo apuração da reportagem, a rede de estacionamentos Estapar poderá vir na sequência.
Há interessados, mas o banco ainda não abriu negociação. Hoje, a companhia vale cerca de R$ 1,3 bilhão e o BTG tem a maior parte das ações.