A Agência Nacional Transportes Terrestres (ANTT) poderá adiar mais uma vez o leilão de todas as linhas de ônibus interestaduais existentes no país, previsto para o final do ano. Segundo o diretor-geral da agência, Bernardo Figueiredo, a ANTT avalia fazer novos estudos de demanda antes de licitar as linhas.

Figueiredo disse que os dados que a agência tem foram repassados pelas próprias empresas e podem estar subestimados. Pelos números, são transportados 61,5 milhões de passageiros por ano, o que demandaria uma frota de 4.000 ônibus — só que, atualmente, já existem 12 mil ônibus em circulação.

“Esse setor nunca teve um conjunto de informações seguras, auditadas. Levanta-se a suspeita de que os dados das empresas não são fidedignos e se os números estão mal dimensionados, vai ter uma hora que vai faltar ônibus”, afirmou.
Se a agência decidir por realizar novos estudos, isso poderá levar mais de um ano, para poder abranger temporadas de pico, como Natal e Ano Novo, e de baixa. Figueiredo, que assumiu a agência em julho do ano passado, disse que esse assunto já está em estudo na agência há sete anos, mas que até hoje não foi feito nenhum estudo de demanda.

“Só vou fazer a licitação no dia que eu tiver a segurança de ter um sistema que vai atender o usuário melhor do que atende hoje. Acho que seria prudente realizar novos estudos”, completou.
Falhas — De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Transporte Terrestre de Passageiros (Abrati), Renan Chieppe, os dados são informados pelas empresas em um sistema de informações elaborado pela própria ANTT. Ele disse que os números podem não apresentar a demanda real porque o sistema não registra a diferença de demanda que ocorre em alta temporada.
“O que as empresas informam é exatamente o modelo formatado pela agência. As informações correspondem à realidade, a questão é se elas são suficientes”, afirmou.