O setor de turismo aéreo já está amargando com a crise que se abateu no sistema aeroportuário brasileiro. Inseguras, as pessoas estão com medo de adquirirem pacotes ou de comprarem bilhetes sob o risco de não chegarem a seus destinos nos prazos corretos e amargarem horas em salas de embarque. O volume de vendas de pacotes turísticos para dezembro caiu 8%, segundo dados da Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abav). Para a entidade, houve, neste ano, um aumento de cerca de 50% nas vendas de pacotes marítimos e 41% de rodoviários. Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontou queda na disposição de o brasileiro viajar de avião: de 45,2% em outubro para 35,7% em novembro.

Mas a opção por viagens rodoviárias carrega um outro problema na bagagem. Em recente avaliação, a Associação Nacional do Transporte de Cargas (ANTC) divulgou que 80% das estradas brasileiras são classificadas entre deficientes e péssimas. Resultado: o crescimento do tráfego de veículos por caminhos sem condições adequadas de sinalização ou pavimento promove o aumento de acidentes. O fato é que o turismo rodoviário no Brasil sofre com a falta de estradas viáveis para crescer na proporção que merece.

Para o presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), Moacyr Servilha Duarte, a alternativa para tornar as estradas brasileiras trafegáveis é somar os investimentos da iniciativa privada e cobrança de pedágios nos principais eixos com os investimentos públicos nas estradas secundárias.  Isso porque construir estradas não basta, se a otimização dos recursos das rodovias – sinalização, pavimento, serviços aos usuários – não forem constantemente aprimorados. A indústria brasileira do setor de sinalização, por exemplo, segue pela mão única buscando desenvolver produtos que aliem durabilidade, segurança e eficácia. Pode-se afirmar que – com recursos disponíveis e vontade de fazer bem feito – setores público e privado encontram aliados munidos de tecnologia e ótima relação custo X benefício para executar a infra-estrutura viária do País. Precisamos chamar a atenção para esta importante questão econômica o quanto antes. Para que o turista brasileiro não fique, apenas, a ver navios.

* Áurea Rangel é química, mestre em engenharia de materiais e diretora-executiva da Hot Line