Dentre a nova leva de exposições que abrem em 28 de outubro no Solar do Barão, a mostra “Denise Roman – 30 Anos na Fundação Cultural de Curitiba” apresenta um panorama do trabalho da gravadora com várias séries de gravura elaboradas nos mais recentes anos.

Esta exposição estará acontecendo nas salas do Museu da Gravura Cidade de Curitiba, em razão de parte das gravuras expostas passará a integrar o Acervo da Fundação Cultural de Curitiba, doadas pela artista e selecionadas pela comissão de análise do museu.

Já falei que a graça, do encanto e a magia da linguagem artística de Denise Roman acompanham a profissional competente que há trinta anos trilha o desenrolar da história da arte paranaense como professora e como artista.
Suas obras retratam uma realidade narrativa observada em instantes mágicos comparados a epifanias de contexto gráfico, nos quais a gravadora recria na atmosfera própria da gravura todo um simbolismo proveniente da imaginação. Seus tipos característicos, seus personagens – num primeiro momento – parecem para os observadores figuras saídas dos contos de fadas. Entretanto, no lirismo cativante de sua linguagem estético-artística, Denise Roman trabalha com elementos tipicamente locais.

Explicando melhor o termo “local”, ele é empregado para designar uma mitologia individual criada pela artista que vê poesia em qualquer lugar e logo passa a trabalhar e compor personagens fantásticos para nos mostrar o que pode estar ali escondido. Um exemplo pode ser o próprio prédio do Solar do Barão, antiga residência do Barão do Serro Azul, onde estão situados os Ateliers de Gravura do Museu da Gravura Cidade de Curitiba. 

Além de ser o espaço onde ela orienta os gravadores, o edifício já foi e continua sendo uma fonte permanente de inspiração para Denise. Dele, a gravadora retirou – em sua imaginação – centenas de personagens que chegaram a nós através de suas obras. Assim, ela nos legou as meninas que aparecem dançando no meio do pátio, o menino que veio de bicicleta, a bailarina que vai dançar, as cirandas de roda nas quais as crianças festejam a vida. Os folguedos e brincadeiras de crianças se sucedem registrados numa arte leve, criativa e otimista.
Mas não se engane aquele que pensar que a obra da Denise só tem território demarcado na ficção e magia. A artista é, acima de tudo, uma batalhadora que vem mantendo ao longo da vida muitas atividades em paralelo.

 Ela já trabalhou nos jornais “O Estado do Paraná” e “Tribuna do Paraná” criando charges e sketches, na mesma época – anos 1987 a 1989 – em que se iniciava na profissão de orientadora de gravura no Solar do Barão, convidada pela Guilmar Silva. Mais tarde, confrontada entre os dois empregos, Denise optou pela Fundação Cultural de Curitiba, onde ministra as oficinas de buril e litografia.
A artista também elaborou diversas cenografias teatrais. Agora mesmo, ela está pintando um enorme pano de fundo para a peça “O diamante do Grão-Mongol” de Maria Clara Machado. Com direção de Anderson Cidade Júnior, o espetáculo da Companhia de Teatro Cena 78 vai ser apresentado nos dias 27 e 28 deste mês, no Teatro Regina Vogue. Este grupo de teatro amador nasceu do entusiasmo pelo palco dos alunos que freqüentavam há anos atrás o Colégio Sion.

Outra de suas atividades é o desenho em grandes dimensões com que decorou vários espaços na cidade. A começar pela sala da Diretoria de Marketing da Fundação Cultural de Curitiba quando o diretor Marcelo Catani solicitou este trabalho repetido agora em seu Gabinete de Secretário de Comunicação na Prefeitura Municipal de Curitiba. Ela também desenhou as paredes do gabinete do vereador Caíque Ferrante na Câmara Municipal de Curitiba. Nestas obras, a artista nos conta que se sentiu muito à vontade, porque os trabalhos foram feitos com giz de cera o que lhe pareceu como desenhar grandes litografias, tal a semelhança do material utilizado, apesar dos espaços maiores.

Voltando à gravura e em contraste com as grandes obras, outra de suas características é a paixãoda artista para a miniaturização. Nesta exposição, uma série intitulada “Picnic” merece destaque. Ela é composta por pequenas gravuras em buril sobre cobre e vai ser exibida em vitrine para favorecer a visualização. (Rua Pres. Carlos Cavalcanti, 533 fone 41-3321 3269).