Guido Pelegrino Viaro nasceu em Badia Polésine, província de Rovigo, Veneto, Itália, em nove de setembro de 1897. Seus primeiros estudos e o curso secundário foram realizados na sua cidade natal, onde seus pais eram agricultores. Lá também, aos nove anos, iniciou seu aprendizado artístico, continuando os estudos na Escola Rossi, de Veneza e, mais tarde, em Bolonha. Retornando a Badia, foi professor da Escola Artística da cidade e ao deflagrar da Primeira Guerra Mundial alistou-se na Marinha Italiana. Viajando de navio, chegou ao Rio de Janeiro em 1927, mudando-se, logo depois, para São Paulo, onde elaborou trabalhos gráficos como ilustrador em jornais e realizou uma série de murais. Sem nunca abandonar a pintura, nesta mesma época, fez sua primeira exposição individual.

Em 1930, vem residir em Curitiba e trabalha como professor de desenho em colégios particulares. Quando pensava seriamente em retornar à Itália, Viaro apaixona-se por uma moça e – como ele diria mais tarde – gasta todo seu dinheiro em flores para presenteá-la. Casa-se com ela, Yolanda Stropa, em 1935, e no ano seguinte é nomeado professor na Escola Profissional República Argentina.
Viaro iniciou em Curitiba um trabalho pioneiro para despertar a criatividade das crianças e o gosto pela arte, sendo sua primeira experiência a Escolinha de Arte do Colégio Belmiro César, aberta em 1937. Em seguida, ele é transferido para o Colégio Estadual do Paraná, onde criou a sua mais famosa Escolinha de Arte, reputada como a melhor do Brasil. Em 1953, fundou outra, a Escolinha de Arte da Biblioteca Pública do Paraná, que tomou o nome de Centro Juvenil de Artes Plásticas.

Dentro de uma nova perspectiva artístico-pedagógica, ele organizou um curso para formação e especialização de professores normalistas do interior do estado e foi mentor de uma filosofia de ensino de arte cujo objetivo principal era atingir as crianças através dos professores. Mais tarde fundou a “Escolinha de Arte” da Biblioteca Pública do Paraná.

Em 1948 foi fundada a Escola de Música e Belas Artes do Paraná, que teve, em Viaro, o seu professor mais querido e respeitado, tanto que o diretório acadêmico desta instituição hoje traz seu nome.
Com um currículo respeitável, Viaro foi distinguido com inúmeras premiações e homenageado no Museu Oscar Niemeyer com a maior exposição já realizada sobre um artista paranaense que recebeu o título de Cidadão Honorário de Curitiba, pela Câmara Municipal.

No dia 4 de novembro de 1971, morreu Guido Viaro, aos 74 anos de idade, deixando uma obra admirável e um exemplo de arte e vida. O Museu Guido Viaro foi inaugurado em 19 de março de 1975, instalado em prédio usado anteriormente pela Aeronáutica e reformado segundo projeto de Júlio Pechman.
Em abril do mesmo ano foi criada a Cinemateca do Museu Guido Viaro, onde também se desenvolviam trabalhos de pesquisa, recuperação e produção de filmes e vídeos, além de oferecer uma programação seletiva de filmes de arte.
Fazendo parte ativa da vida artística e cultural da cidade, o museu desenvolveu ao longo dos 20 anos de existência, uma intensa programação de exposições e mostras de artistas novos e convidados. Nas suas salas de exposições temporárias passaram nomes dos mais expressivos nas artes plásticas e no último andar funcionava o Centro de Documentação e Pesquisa com material disponível aos pesquisadores e ao público.

O Museu Guido Viaro também mantinha um Atelier Livre, criado em 1978, onde mais de uma geração de artistas plásticos recebeu orientação especializada através de cursos e oficinas, tendo a artista plástica Suzana Lobo ali se destacado como orientadora de arte, além de diretora do museu. Do acervo faziam parte quase 200 obras, entre óleos, aquarelas, desenhos, gravuras e esculturas, que foram cedidas em comodato pelo advogado Constantino Viaro, filho único de Guido Viaro. O museu funcionou até 1994, quando o acervo retornou às mãos do herdeiro de Guido Viaro.

O que pouca gente sabe é que, em primeiro de novembro de 1994, de acordo com o Presidente da Fundação Cultural de Curitiba Geraldo Pougy, assumi a Diretoria do Museu Guido Viaro com a função específica de recuperá-lo, fazer adequações museológicas em sua reserva técnica e nas salas de exposições, para o retorno mais breve possível das obras de Guido Viaro ao museu, além de manter em atividade o seu Centro Documentação e Pesquisa durante a reforma. (continua)