Tal qual foi comentado na coluna passada pouca gente sabe que, em novembro de 1994, de acordo com o então Presidente da Fundação Cultural de Curitiba Geraldo Pougy, assumi a Diretoria do Museu Guido Viaro com a função específica de recuperá-lo. Do projeto constavam vários procedimentos para a adequação museológica do prédio, desde a sua reserva técnica até as salas de exposições. O objetivo principal seria o retorno, o mais breve possível, das obras do mestre ao museu, além de manter em atividade o seu Centro Documentação e Pesquisa durante o que se poderia chamar de readequação.

Assim, todos os painéis de exposição – que eram feitos de madeira compensada já desgastada pelo tempo de uso – bem como o mobiliário que estava no prédio desde a sua inauguração ocorrida em 19 de março de 1975, foram retirados e uma faxina geral teve início.O Atelier Livre, que foi criado em 1978 para orientação e pesquisa dos artistas plásticos, ganhou um acesso direto junto à portaria, sem necessidade de circulação pelo interior do museu. A Cinemateca do Museu Guido Viaro, instituída em abril de 1975, onde por muitos anos foram projetados filmes de arte e documentários, também passou por uma limpeza e consertos gerais. O Acervo da Cinemateca que possuía películas cinematográficas e vídeos não precisou de nenhuma alteração porque ali continuamente se desenvolviam trabalhos de manutenção, tanto do local quanto dos filmes. A localização do Acervo Artístico, que era no terceiro andar foi deslocado para outro andar para que a coleção de obras do Guido Viaro ficasse mais acessível próxima das salas de exposição.Com a remoção dos painéis de compensado das Salas de Exposições Temporárias, pois a maioria deles tapava as janelas impedindo a entrada de luz natural, os ambientes ficaram claros e, pintados de branco, passaram a destacar as mostras ali realizadas.No Centro Documentação e Pesquisa – que ficava no último andar do prédio – todas as estantes foram pintadas e deslocadas de modo a permitir melhor circulação e funcionamento do setor.As instalações de cozinha e banheiros foram consertadas e conseguimos que fosse instalado na copa um conjunto de cozinha de pequenas dimensões que reúne geladeira, pia e fogão que estava disponível em outro local.Só faltava instalar o ar condicionado e os trainéis (suportes deslizantes para obras de arte) da Reserva Técnica (local onde são guardadas as obras de arte), mais as duas portas de vidro da Sala do Acervo quando soubemos que o prédio seria utilizado para outro fim.

Todos estes itens foram então cancelados junto com a compra da tinta para a pintura externa do museu, o que considerávamos o nosso maior chamariz para o público, já que era uma cor bem viva e adequada ao novo Museu Guido Viaro. O contato a ser feito com o senhor Constantino Viaro – filho e herdeiro do acervo do artista – nunca aconteceu porque estávamos aguardando o término das adequações dos espaços para que ele comprovasse as ótimas condições do local. Mesmo assim, o museu funcionou até 1996, sendo Vergínia Maria Zanini e Sandra Bezerra de Oliveira suas últimas diretoras. E o prédio totalmente reformado hoje abriga a Casa da Memória.

Ainda bem que, depois de 15 anos, o Museu Guido Viaro ressurgiu graças a Constantino Viaro, e agora está em novo endereço: Rua XV de Novembro, 1348 – Informações 41-3018-6194. O edifício adquirido para abrigar o atual Museu é um imóvel de preservação histórica, construído em 1929, situado na rua XV de novembro, em frente à Reitoria da UFPR, local onde a universidade projeta o Corredor Cultural da cidade. A restauração do espaço foi feita pela arquiteta Zulma Schüssel e pelo engenheiro Ricardo Schüssel e o espaço interno foi inteiramente transformado para se adaptar às necessidades de um museu. O acervo reúne aproximadamente 250 óleos sobre tela, 700 desenhos e mais de 100 gravuras de Viaro. O espaço conta com uma sala de projeção com capacidade para 40 lugares e equipamento para exibição de filmes. Na área do imóvel há mais um prédio, que será utilizado para a realização de cursos, além de um estacionamento pago. “É uma forma de ajudar a sustentar o museu, que tem entrada gratuita”, diz Constantino. Esta primeira exposição do Mu­­seu, distribuída em dois amplos salões, é uma espécie de retrospectiva, com cerca de 90 obras das diversas fases do artista desde 1930, quando se instalou em Curitiba, a 1971, ano de sua morte. Parabéns, Constantino!