Parece que ultimamente os livros tomaram conta desta coluna, o que, por sinal, é muito bom. É óbvio que quanto maior o número de livros as possibilidades de pontos de vista mais acurados dos assuntos neles focalizados crescem não matematicamente, porém geometricamente. Isto significa o surgimento de análises melhores e mais acuradas dos temas, principalmente em se tratando das artes visuais.

Paradoxalmente, quanto mais a net e a web se expandem, maior o número de publicações que, graças à eletrônica alcançam o público antes inacessível, nele acendendo o desejo de guardar de modo concreto – em livros, jornais e outras publicações – as informações visualizadas na tela do computador.
Assim, multiplicam-se não somente o formato livro, mas também os catálogos, folders, prospectos… Sábado passado, o caderno “Dinheiro” da “Folha de São Paulo” noticiou que praticamente todos os grandes jornais norte-americanos – incluindo-se aqui a empresa que edita “The New York Times”, “The Boston Globe”, “The International Herald Tribune”, mais a “Times Co.”, além da Gannett Co., que publica o “USA Today”, mais a McClatchy Co. que edita o “Miami Herald”  e  a empresa Washington Post Co. que evidentemente publica o jornal homônimo tiveram lucros bem significativos em 2009.

 Claro que todos estes jornais representam – muito mais que as notícias picadas e os blogs da Internet – as opiniões abalizadas de muitos nomes famosos nas suas áreas, sejam da política, da economia, da filosofia, da ciência e também das artes, mostrando um panorama que é, inclusive, uma maneira de pensar e um modo de orientação nestes tempos difíceis das mil e uma possibilidades.
Então, estabelecida a hegemonia das publicações com os exemplos acima, vamos para mais um livro, desta vez o catálogo raisonnè do Museu de Arte Contemporânea do Paraná. Em primeiro lugar, meus parabéns para a equipe do MAC/PR, liderada por Alfi Vivern, por mais esta realização. 

O autor Ítalo Calvino já dizia que o livro tem o poder físico de sua presença. E a esmerada capa – uma fotografia de Daniela Schuster dos Santos – além de atraente já prevê seu conteúdo revelando um olhar artístico somado à classificação, que é atributo de um catálogo geral. Com 324 páginas, impresso no parque gráfico da Imprensa Oficial do Estado, em papel couche fosco 150 g., o livro, em tiragem de 2.000 exemplares, reúne as bandeiras do Governo do Estado, da Secretaria da Cultura, dos 30 Anos da Cultura e da SAMAC – Sociedade de Amigos do MACPR. 

No texto de apresentação, Alfi Vivern explica: “A possibilidade de realizar um livro sobre o Museu de Arte Contemporânea do Paraná, dentro da proposta da Secretaria da Cultura de divulgação dos museus do Estado, levantou uma questão sobre seu conteúdo. Já se encontravam prontos o texto sobre a história da instituição e uma seleção de obras do acervo como destaque. Mas a proximidade da publicação fez a equipe refletir sobre a sua finalidade principal e decidir apresentar o inventário da coleção e uma listagem cronológica das atividades desenvolvidas nestes 39 anos de existência do museu”.
Ele prossegue: “Não deixa de ser uma outra maneira de contar a sua história. O acervo constituído demonstra as escolhas feitas em cada período, escolhas intencionais, onde cada objeto incorporado definiu a exclusão de outros tantos. São elementos que podem ser usados como fonte para a realização de pesquisas com diferentes enfoques e para o estabelecimento de uma rede de informações sobre acervos de museus de arte no Brasil”.

 “Realizar o catálogo das obras sempre foi uma aspiração comum a todos os ex-diretores. Se hoje foi possível colocar à disposição do público a informação sobre seu patrimônio artístico, um maior conhecimento da coleção do museu, devemos dar o crédito merecido ao trabalho daqueles que passaram pela instituição, organizando e conservando a coleção existente. De uma forma ou outra, todos contribuíram para que agora esse projeto se concretizasse.”
Acrescento que esta publicação não somente vai dar transparência ao que o museu possui como vai satisfazer, no sentido prazeroso, aos próprios artistas a respeito das suas obras que ali estão.