Birgit Mühlhaus foi a primeira pessoa que falou sobre outra possível finalidade a ser dada ao grande prédio projetado por Oscar Niemeyer e localizado no Centro Cívico de Curitiba. Na época, ela era a Diretora do Goethe-Institut de Curitiba e não somente falava como insistia que aquele edifício deveria, isso sim, abrigar o grande museu de arte que estava faltando em nosso Estado. Entre seus principais argumentos estavam, além da beleza própria do edifício, a sua localização, suas grandes dimensões e, principalmente, a altura do pé direito que seria ideal para as exposições de obras de arte. 
Ali funcionavam de maneira meio improvisada algumas das nossas secretarias de estado e porque a ocupação não se limitava à parte que podemos chamar de salutar do edifício, ou seja, as salas em que existiam janelas, os escritórios também ficavam distribuídos pelo subsolo. E devido a essas instalações inadequadas, aliadas à precariedade da renovação de ar, o porão era conhecido por ser um local onde micoses eventualmente atacavam os funcionários que lá trabalhavam.

Inspirada por Birgit, Maria Cecília Araújo de Noronha, quando diretora do Museu de Arte Contemporânea do Paraná, convocou uma comissão de representantes das artes – da qual fiz parte junto com Simone Landal e João Henrique do Amaral dos que me lembro – para analisar a questão. Como resultado daquelas reuniões surgiu um documento que foi entregue ao governador do Estado Jaime Lerner.
O tempo foi passando e a reforma do prédio parecia cada vez mais improvável até que, quando menos se esperava, uma espécie de mutirão foi feita, e o próprio Oscar Niemeyer foi convocado para supervisionar as adaptações e complementar o museu.
Assim, com a parte nova, hoje conhecida por Olho, o museu adquiriu sua marca registrada, uma espécie de imprinting, hoje reconhecido mundialmente. Em suas palavras, Niemeyer definiu o Olho para a Folha de São Paulo de 18 de novembro de 2002: Eu acho que ele deve causar uma grande surpresa, que é sempre o caminho da boa arquitetura. Ele fica solto no ar, e assim não esconde o outro prédio, a continuidade do museu.

Sobre a integração do Olho com a parte já construída, Niemeyer declarou que: Na verdade, a construção mais velha me espantou muito. Me espantou por sua modernidade. Foi necessária apenas uma adaptação. Se ele tivesse que ser feito hoje, seria erguido da mesma maneira. O mais importante foi sua idéia, sua concepção.

Na mesma edição, Niemeyer comenta: Eu acho que museu tem que ter cara de museu, ser convidativo; acho muito interessante a idéia de um museu popular, comunitário, e me sinto muito feliz com o resultado final.
Então, inaugurado em 22 de dezembro de 2002, no final do mandato de Jaime Lerner, o NovoMuseu, como era chamado na época, completa oito anos no final de 2010.

Com a mudança de governo, o museu seguiu um caminho meio claudicante no início, gerando expectativas e dúvidas no meio artístico local. Felizmente, foi logo adotado por Maristela de Mello e Silva, que criou toda a sua estrutura atual. Foi renomeado Museu Oscar Niemeyer, numa homenagem ao arquiteto, fato que me incomodava no início, pois o nome sugeria um museu específico da sua arquitetura e não de arte em geral como é sua vocação. Porém, com o desenrolar do tempo, e a maior aproximação do próprio Niemeyer com o Paraná, trazendo como consequência um pequeno acervo de suas obras e a exposição permanente de seu trabalho vieram a atenuar este aspecto.
Também, a abordagem de marketing sobre o museu – e aí vem a sabedoria de Niemeyer em criar o Olho que se mostra uma forma impossível de ser esquecida –  ampliou a divulgação do museu  de tal forma que ele é hoje conhecido mundialmente. Contribuiu para isso também o intercâmbio permanente com instituições culturais do exterior resultando em mostras de categoria internacional e muitas delas inéditas no próprio país de origem.  Em 2009, o MON ultrapassou a marca de um milhão de visitantes, apresentando 20 exposições, abrangendo temas desde Le Corbisier, a Coleção de Arte Renault, os Autocromos dos Irmãos Lumière até exposições de Burle Marx, Azulejos Portugueses do Século 16, Mestres Latino-americanos e a Coleção do Museo Soumaya do México, entre outros. Por outro lado, o futuro do museu me preocupa muito. Sinceramente, espero que tanto a programação das mostras, quanto suas demais atividades sobrevivam uma possível mudança da política. O trabalho já realizado por esta equipe não pode ser perdido, pois num certo sentido o MON é nosso cartão postal e colocou Curitiba no mapa mundial das artes, de onde não deve sair.