Neste inverno, os casos de gripe A no País serão diagnosticados por tecnologia nacional. O Kit Nacional para Diagnóstico da Influenza H1N1, foi lançado ontem pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão. O teste brasileiro é mais eficiente e barato que o usado até o momento, e que era importado. O kit será fabricado por um consórcio nacional, que inclui, além do Instituto Carlos Chagas, os paranaenses Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar). O investimento do governo federal no projeto foi de R$ 3,36 milhões.
O teste brasileiro é cerca de 60% mais barato que os insumos importados. O material produzido em outros países custa entre R$ 100 e R$ 150, enquanto o kit nacional custa R$ 45, aproximadamente. Além disso, a tecnologia desenvolvida no país representa uma novidade e um avanço em relação ao diagnóstico fabricado no exterior. Ele apresenta característica que tornam o teste ainda mais confiável e mais rápido. O tempo de análise é reduzido pela metade: passa de 8 horas para 4 horas.

Com esse projeto, o Brasil sai à frente na qualificação do diagnóstico de gripe H1N1. É uma tecnologia superior e mais segura que poderá, inclusive, ser exportada futuramente a outros países, comemora Temporão. O primeiro lote deverá ter 30 mil testes que serão usados para detectar a doença em pacientes internados com suspeita da nova gripe. A meta é produzir 80 mil testes por mês — número suficiente para atender a demanda do país, segundo o ministério.
O kit nacional reúne em apenas um produto (que contém dois tubos) os reagentes biomoleculares utilizados para detecção do vírus. Em países como Estados Unidos, França e Alemanha — principais fornecedores mundiais de insumos para diagnóstico de H1N1 — esses materiais são vendidos separadamente e misturados pelos profissionais do laboratório. Agora, sem necessidade desse procedimento, diminuirá o risco de falha humana e desperdício na manipulação dos insumos.

Primeira onda — Durante a primeira onda da pandemia, entre abril e dezembro de 2009, foram realizados 73.121 testes. Com a vacinação de mais de 82,7 milhões de pessoas até ontem em todo o País, a expectativa é que caia o número de casos graves e mortes suspeitas pela doença. O exame é indicado para pacientes internados com suspeita de gripe pandêmica, em casos de surtos em comunidade fechadas e para investigar óbito.
O teste será distribuído aos três laboratórios de referência para o diagnóstico da gripe H1N1 — Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz/RJ), Instituto Evandro Chagas (IEC/PA) e Instituto Adolf Lutz (SP) — e a três Laboratórios Centrais de Saúde Pública localizados no Distrito Federal, no Paraná e na Bahia. Por enquanto, o teste nacional não estará disponível para laboratórios particulares.
Esses seis laboratórios contam com novas plataformas tecnológicas para o diagnóstico da gripe pandêmica. Elas fazem parte de um projeto-piloto brasileiro para detectar o vírus H1N1 e que, futuramente, também será utilizado para diagnosticar outras doenças, como aids, dengue, hepatite, meningites e outros problemas respiratórios. A proposta do governo federal é expandir as plataformas a outros Lacens depois que o projeto-piloto for consolidado, montando uma rede nacional de diagnóstico.
As plataformas são formadas por três máquinas — dois robôs e um computador — que realizam todas as etapas de identificação do vírus H1N1 de forma automatizada, sem interferência humana. Atualmente, a tecnologia utilizada nos laboratórios habilitados para o exame é menos automatizada e, portanto, mais lenta.