Estudo inédito coordenado pelo pesquisador da Universidade São Paulo (USP) Alexandre Grangeiro mostra que 40% da mortalidade de aids no Brasil está associada ao diagnóstico tardio, o que poderia explicar a pequena redução da taxas de óbito na década. Em 2001, foram registradas 6,4 mortes a cada 100 mil habitantes. Em 2009, o índice foi de 6,2 por 100 mil habitantes.

“O fim do diagnóstico tardio poderia gerar uma redução na mortalidade equivalente àquela registrada com o início do uso de remédios antiaids”, avalia o pesquisador. Com os antirretrovirais, a taxa de mortalidade pela doença foi reduzida em 43%. Se o diagnóstico tardio fosse superado, essa queda poderia chegar a 62,5%. “A identificação de pacientes poderia ter poupado a vida de 17 mil pessoas em quatro anos”, calcula Grangeiro.

Outro dado apontado pelo trabalho explica o motivo: uma pessoa que inicia tardiamente o tratamento tem um risco 49 vezes maior de morrer do que outra que começa o acompanhamento no período adequado. O diagnóstico tardio é um problema há tempos identificado pelas autoridades sanitárias. Mas, até o trabalho conduzido por Grangeiro, não havia dados que revelassem o impacto dessa demora nas estatísticas de morte.