O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse nesta sexta-feira (20) que seu país pode fazer concessões para chegar à paz com os palestinos, mas reafirmou que não retornará às fronteiras anteriores a 1967, como propôs o presidente dos EUA, Barack Obama, em discurso na quinta-feira (19). Os chefes de Estado se reuniram nesta sexta-feira, na Casa Branca, para tratar das tensões no Oriente Médio.

A longa reunião entre os chefes de Estado ocorreu um dia depois de Obama apoiar a criação de um Estado palestino desmilitarizado nas fronteiras anteriores a 1967, o que gerou reações negativas de Netanyahu e de outras lideranças israelenses. O suposto clima de tensão, porém, não transpareceu nos líderes na conversa posterior ao encontro.

Obama afirmou que ambos os países acreditam que as revoltas no mundo árabe oferecem um momento de oportunidades para mudanças, assim como vários desafios. Segundo o presidente americano, a Síria é um deles e é encarada como uma “grande preocupação” tanto para os EUA quanto para Israel.

Sobre o processo de paz entre israelenses e palestinos, Obama afirmou que os países têm suas diferenças, mas que essas disputas ocorrem “entre amigos”. Ele, porém, não citou as fronteiras de 1967 para a criação do Estado palestino, como fez no discurso do dia anterior.

Netanyahu, por sua vez, elogiou Obama por reafirmar o compromisso dos EUA com a segurança de Israel. Ele disse também apreciar os esforços americanos pela paz no Oriente Médio e afirmou que seu país “quer a paz”. Mas o premiê israelense novamente disse que seu país não concorda em retornar às fronteiras de antes de 1967, quando, na Guerra dos Seis Dias, Israel tomou a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental. Isso, disse Netanyahu, tornaria as fronteiras de Israel “indefensáveis”.

‘Mudanças demográficas’

“Ainda que Israel esteja disposto a fazer generosos compromissos de paz, não está disposto a voltar às fronteiras de 1967 porque essas linhas são indefensáveis. Essas fronteiras não levam em conta certas mudanças demográficas que ocorreram nos últimos 44 anos”, argumentou.

Além disso, Netanyahu novamente disse que os palestinos “devem escolher entre a paz com Israel e a paz com o Hamas”, referindo-se ao acordo assinado entre as facções palestinas. O Fatah, grupo moderado que está à frente da Autoridade Palestina, deve criar em breve um governo de unidade com o Hamas, facção radical que não reconhece o Estado judeu.

Na quinta, os palestinos haviam reagido positivamente às declarações de Obama, que adotou uma posição histórica ao propor a criação do Estado palestino. O presidente havia afirmado que a questão israelo-palestina é o núcleo das tensões no Oriente Médio e que a resolução desse conflito era uma de suas prioridades. Desde que assumiu o poder, o líder americano tem tentado fazer com que o processo de paz avance, mas não obteve êxito.