Os produtores de morango do Paraná estão ganhando mais um importante aliado na produção da cultura no Estado. Um grupo de pesquisadores e técnicos ligados à agricultura tem ajudado a monitorar e dar suporte à produção integrada. Assim como a maçã brasileira, que já ganhou o mercado internacional com exportações estimadas em 100 mil toneladas por ano, o morango paranaense também poderá receber num curto espaço de tempo o selo de certificação de alimento saudável.

Essa exigência já está sendo adotada nos principais mercados do mundo. Procedimentos fitossanitários mais rigorosos para a importação de frutas in natura, ou processadas, estão obrigando não só os agricultores brasileiros, como também os técnicos da área, a reverem seus conceitos de plantio, uso de agrotóxicos e manejo da cultura, diz o engenheiro agrônomo Paulo Andrade, do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento.

Segundo ele, outras 16 frutas também estão sendo monitoradas nas práticas corretas de produção e de suporte confiável por utilizar práticas consideradas ambientalmente corretas, economicamente viáveis e socialmente justas.

Para Andrade, o uso do termo alimentos mais saudáveis e seguros tende a ganhar importância na tomada de decisão de compra pelo consumidor. Ganhará mais confiabilidade, assim como será referência aquele alimento que tiver garantida a sua qualidade desde o cultivo, assim como nas demais etapas da cadeia produtiva. Produzir com sustentabilidade é o maior desafio do agricultor, afirma Paulo Andrade.

A tendência, segundo os técnicos e pesquisadores do setor, é que as produções se voltem ao sistema integrado. O modo de produzir contribui para o desenvolvimento humano, levando em conta a segurança do trabalhador, o cumprimento da legislação trabalhista, qualidade de vida dos agricultores e comunidades, conservação do meio ambiente, especialmente solo e água, sanidade entre outros itens.

No caso do morango, o sistema de produção adotado pelo agricultor deve utilizar métodos naturais, agronômicos e biológicos no controle de pragas e doenças, minimizando sempre que possível o uso de produtos químicos. O morango produzido no Paraná já deixou de ser o primeiro produto com mais contaminação pelo excesso do uso de agrotóxicos, diz o engenheiro agrônomo do Deral. O Estado cultiva em média 15 mil toneladas de morango por ano, sendo que a maior concentração dos 500 hectares da atual área da produção paranaense está no cinturão verde da Região Metropolitana de Curitiba.

A adesão à produção integrada é voluntária, porém o produtor que optar pelo sistema terá que cumprir rigorosamente as orientações estabelecidas. O agricultor pode acessar o site do Ministério da Agricultura, ou contatar o Inmetro – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, para saber como fazer para adotar esse sistema de produção, inclusive verificar se o produto que deseja plantar já tem norma técnica publicada. Além dos técnicos da Secretaria, participam desse projeto de monitoramento e apoio da cadeia produtiva do morango pesquisadores de diversas áreas temáticas, que trabalham em busca de soluções científicas e tecnológicas para serem incorporadas ao sistema de produção de morangos, de forma a torná-lo sustentável.

Para que a produção integrada de morangos possa ser implementada e validada, antes é necessária a construção de uma sólida base de pesquisa científica para respaldar as recomendações técnicas, diz Paulo Andrade. Integram ainda esse grupo professores, técnicos e alunos da Universidade Federal do Paraná, da Emater-PR, do laboratório Marcos Enrietti e das prefeituras de Curitiba e São José dos Pinhais, e ainda associação de produtores de morango.