Curitiba é a primeira cidade do país e da América Latina a adotar o teste rápido de HIV para gestantes. O teste foi lançado nesta quinta-feira (8), pelo prefeito Beto Richa, no Salão Nobre da Prefeitura. “Estamos dando um exemplo de cidadania, com ações que não privilegiam classes sociais. É um programa universal, que será capaz de mudar a vida de muitas famílias”, afirmou Richa.

“É um privilégio poder anunciar um programa de tamanha relevância para a saúde das mulheres justamente no Dia da Mulher, 8 de Março. O bem estar das mulheres será sempre prioridade em nossa administração”, disse o prefeito. Os testes rápidos de HIV, mais um avanço do programa Mãe Curitibana, serão feitos em parceria entre a Secretaria Municipal da Saúde e o Programa Nacional DST Aids, do Ministério da Saúde.

O objetivo dos testes rápidos em gestante é reduzir a transmissão vertical (da mãe para o bebê) do vírus da aids. Para fazer o teste, basta uma gota de sangue. O resultado sai em 15 minutos. O teste rápido será implantado nos 12 maiores hospitais e maternidades da cidade, que fazem 33 mil partos por ano. O exame é gratuito e estará disponível para gestantes atendidas tanto pelo SUS como por convênios ou particular.

“Este teste é também um exemplo que damos ao Paraná e ao Brasil no combate à mortalidade infantil”, disse Richa. “O respeito pelo cidadão curitibano pode ser medido de várias maneiras, mas a redução da mortalidade infantil é um dos maiores êxitos da nossa administração”, acrescentou. Dados preliminares mostram que a taxa em Curitiba é de 10,6 por mil nascidos vivos.

Prevenção – Estatísticas mostram que 90% das crianças com aids no mundo adquiriram a doença pela transmissão vertical. “Como o maior risco de infecção perinatal ocorre no momento do parto, o teste poderá contribuir para reduzir de maneira considerável a transmissão do vírus para o bebê”, disse o vice-prefeito e secretário municipal da Saúde, Luciano Ducci.

O teste rápido para HIV cobre principalmente casos nos quais as gestantes extraviaram a carteira de pré-natal (que tem a indicação dos exames feitos) ou para aquelas que não tiveram nenhum acompanhamento durante a gestação.

“Há situações limites para grupos específicos como gestantes moradoras de ruas, drogaditas, as que não aderem ao tratamento, que não fazem o pré-natal ou escondem da família e companheiros o resultado”, explicou o coordenador do Programa Mãe Curitibana, Edvin Javier Jimenez.

O teste é indicado mesmo para as gestantes que já o fizeram. “A janela imunológica do vírus é de 45 dias. Se o teste de HIV foi feito no início do pré-natal, o teste rápido, feito antes do parto, dará uma situação precisa desta gestante”, explica Ducci.

Em caso de resultado positivo, algumas medidas são importantes para evitar a transmissão do vírus. A gestante receberá uma dose do medicamento AZT, indicação de cesariana (para 99% dos casos), o bebê receberá o xarope do mesmo medicamento da mãe e ele não deverá ser amamentado porque a transmissão vertical pode acontecer pelo leite.

Nestes casos, o leite para a alimentação da criança é fornecido pela Secretaria Municipal da Saúde. No Haiti e em alguns países africanos 40% da transmissão do vírus para os bebês acontecem pela amamentação.

Inovação – O Mãe Curitibana foi lançado em 1999 e desde então monitora a presença do vírus HIV em gestantes atendidas pelas unidades de saúde do município. Nos últimos anos, Curitiba registrou em média 25 mil nascimentos de mães que vivem na cidade, dos quais 60%, cerca de 15 mil, são atendidas pelo programa. Este grupo já tem na rotina do pré-natal o teste de HIV. Desde o início do monitoramento são notificados por ano cerca de 100 casos positivos.

Caso não fosse feita nenhuma intervenção, a taxa de transmissão vertical seria de 30%. Mas com as ações adotadas desde a implantação do Programa Mãe Curitibana esta taxa diminui em 83%. “Caso não tivéssemos nenhuma ação, teriam nascido em Curitiba, neste período, 220 crianças com o vírus HIV. Com o conjunto de medidas implantadas pelo programa Mãe Curitibana, este número caiu para 38”, explica a diretora do Centro de Epidemiologia, Karin Luhm.

Para as gestantes soropositivas, a unidade de saúde tem um programa especial de atendimento, com a indicação de medicamentos específicos, assistência diferenciada ao parto e a inibição da amamentação do bebê. As medidas são adotadas para evitar a transmissão do vírus. Durante a gestação ela recebe três ampolas de AZT injetável e o xarope AZT para o bebê. Após o parto, mãe e bebê têm consultas regulares com o infectologista e recebem os medicamentos necessários para dar continuidade ao tratamento.

A gestante Zilma Wavgenczak, 22, foi homenageada pelo prefeito Beto Richa, em nome de todas as mães curitibanas, durante o lançamento do teste rápido de HIV para gestantes. Ela fez o pré-natal na Unidade de Saúde Mãe Curitibana e o parto está agendado para o próximo dia 23. A presidente da Fundação de Ação Social (FAS), Fernanda Richa, recebeu flores de crianças atentidas pela Legião Brasileira da Boa Vontade (LBV).

A presidente da Associação Brasileira de Enfermagem, Simone Peluzzo, parabenizou a inicia da Prefeitura de Curitiba. “Este teste é o resultado do trabalho de muitos que vai de encontro aos desafios da saúde. É um passo importante onde ganha toda a sociedade”. Participaram da solenidade os vereadores Elias Vidas, João do Suco, Tico Kuzma, Custódio da Silva e Mestre Déia

 

Veja os hospitais e maternidades que farão o teste rápido de HIV para gestantes:

Hospital Nossa Senhora de Fátima

Hospital do Trabalhador

Hospital e Maternidade Victor Ferreira do Amaral

Centro Médico Comunitário Bairro Novo

Hospital Evangélico

Associação Civil Beneficente Mater Dei

Hospital e Maternidade Santa Brígida

Hospital das Clínicas

Hospital e Maternidade Santa Cruz

Hospital Milton Muricy

Hospital Nossa Senhora das Graças

Maternidade Curitiba