Pela primeira vez na história, uma Copa do Mundo será disputada em estádios com certificação de edifícios verdes. Das 12 arenas que sediarão jogos da Copa do Mundo no Brasil, em 2014, dez já pleitearam o selo LEED (Liderança em Energia e Design Ambiental), que atesta o atendimento a vários critérios de mitigação dos impactos ambientais durante a construção e operação dos empreendimentos.

A evolução do projeto Copa Verde e as oportunidades da construção de estádios certificados foram discutidas neste sábado (16) em um painel organizado no Riocentro pelo Green Building Council do Brasil.

“Mesmo que metade dos estádios da Copa consiga o certificado, já seria uma grande conquista”,  disse Ian Mckee, fundador da Copa Verde, movimento que incentivou a certificação ambiental dos estádios.

Felipe Faria, do Green Building Council do Brasil, apresentou alguns exemplos de práticas sustentáveis nas obras. Na reforma do Mineirão, em Belo Horizonte, haverá captação de água da chuva, que será enviada para um reservatório com capacidade de 6 milhões de litros. O Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, o único a buscar a mais alta das quatro certificações do LEED, com 9.600 painéis solares vai se tornar a maior estrutura de captação de energia solar do país, com capacidade instalada de gerar 2,5 megawatts de energia.

Para Faria, os incentivos fiscais e legais concedidos pelo governo brasileiro e as duas linhas de crédito oferecidas pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) que atrelaram os benefícios no financiamento ao compromisso da busca pela certificação ambiental foram fundamentais para a construção de estádios eficientes e ambientalmente corretos.

“O governo está mostrando à iniciativa privada quais são as direções da construção civil no Brasil. Estamos otimistas para a Copa e para as Olimpíadas”, disse.

De acordo com o vice-presidente do Green Building Council dos Estados Unidos, Jason Hartke, a construção civil tem a oportunidade de economizar U$ 1,2 trilhão até 2020 com os edifícios verdes.

“Os olhos do mundo estão agora no Brasil e estarão na Copa do Mundo e nas Olimpíadas. Os projetos dos estádios precisam ser feitos correta e sustentavelmente.”

Apesar de a construção civil, segundo o PNUMA(Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), ter um dos maiores potenciais de redução de emissão de gases de efeito estufa, não é apenas com edifícios verdes que se faz uma Copa sustentável.

O diretor executivo da Ernest & Young, Alexandre Rangel, lembrou que na Copa do Mundo da África do Sul, em 2010, as viagens internacionais de avião corresponderam a 67% da pegada de carbono do evento. “Estamos trabalhando com os governos para pensar alternativas para o transporte”, ressaltou.