O samba sofisticado da cantora e compositora Adriana Calcanhotto chega a Curitiba neste sábado, dia 25, às 21 horas, no Guairão (Praça Santos Andrade, s/nº). O show O Micróbio do Samba marca o reencontro de Adriana com seu grande público, já que a última vinda dela foi com o projeto infanto-juvenil Partimpim. Elogiada pela crítica, Adriana vai mostrar um espetáculo consagrado que já passou pelo Japão, Europa até chegar ao Brasil. A única apresentação, com patrocínio da Caixa, tem assinatura de Verinha Walflor.
O repertório d’O Micróbio do Samba se mantém estritamente ligado ao conceito do disco. Todas as músicas do CD estão lá. Entre elas, Mais perfumado (pela qual ela acaba de ser indicada ao Grammy na categoria Canção em Língua Portuguesa), Beijo Sem (gravado por Teresa Cristina em 2009), Maldito Rádio (sucesso da novela Cheias de Charme) e Vai Saber, canção gravada por Marisa Monte no álbum Universo ao meu Redor. No roteiro do show Adriana incorpora ainda outros compositores que ela considera alicerces para o novo trabalho como Paulinho da Viola (Argumento), Lupicínio Rodrigues (Esses Moços), Péricles Cavalcanti (Dos prazeres, das canções) e o trio Domenico Lancellotti, Pedro Sá e Maurício Pacheco (Te convidei pro samba).
No palco do Guairão a artista gaúcha será acompanhada por um trio de primeira: Domenico Lancellotti toca uma bateria minimalista, sem pratos, com um surdo deitado, explorando os aros. Alberto Continentino apresenta no seu baixo acústico um estilo discretamente moderno. Pedro Sá (substituto de Davi Moraes) mantém as harmonias e o ritmo base ao violão. Completam o repertório de timbres os brinquedos de Calcanhotto – Partimpim se orgulharia. Eles vão de MPC (espécie de bateria eletrônica-gravador) a um jogo de xícaras, passando por dispositivos que permitem efeitos como uma cuíca digital e até um secador de cabelos.
Com uma carreira fonográfica que já contabiliza 22 anos, Adriana Calcanhotto conta que ficou encantada com a simplicidade do samba. É tudo muito fluido. Você está numa mesa e, pouco depois, começa um samba. Não depende de uma situação ideal de estúdio, de nada. Com uma caixinha de fósforos, você faz. Em termos de espontaneidade musical, isso faz a diferença. No show, o figurino, criado por Gilda Midani, evoca o traje típico do herói do samba, o malandro – mas em negativo, preto em vez de branco, desconstruído, desalinhado, tecidos sobrepostos.

Serviço:
O Micróbio do Samba – Show com a cantora Adriana Calcanhotto. Sábado, dia 25, às 21 horas, no Guairão (Praça Santos Andrade, s/nº). Os ingressos custam R$120 (inteira) e R$60 (meia-entrada para estudantes e pessoas acima dos 60 anos). 20% de desconto para Clube do Assinante Gazeta do Povo na compra de até dois ingressos com preço de inteira somente para o titular. 40% de desconto para clientes da Caixa na compra de até dois ingressos com preço de inteira somente para o titular. Os descontos não são cumulativos. Ingressos à venda na bilheteria do teatro ou pelo site do teatro Guaira – www.tguaira.pr.gov.br. Informações: 3304-7900 e 3304-7982. Classificação: livre. Não serão aceitos cheques.

Tudo começou de maneira hiperespontânea

Adriana Calcanhotto  conta que tudo começou com uns sambas feitos ao acaso, ao longo de quatro anos, e que foram gravados por ela em 2010 de maneira hiperespontânea, na companhia de Domenico Lancellotti e Alberto Continentino. Ela explica que o trabalho depois de lançado, em março de 2011, em cd e vinil, como o micróbio do samba, chegou o momento de pensar em transpor o grupo de sambas para o palco. Foi quando tive de encarar o fato de que não poderia tocar violão – instrumento no qual compus e gravei todo o cd – por causa de uma lesão no punho direito.
Para a compositora, cantar com alguém tocando violão no seu lugar não parecia fazer muito sentido. Com o coração bem apertado decretei: que não faria show ou turnê. Decisão tomada, resolvi que faria somente uma ‘micro-tour’, os três únicos shows lusos pré-agendados. Assim, convocou o músico Davi Moraes (que havia sido o último a gravar no cd) para o posto do violão. A sintonia foi enorme: fizemos somente quatro ensaios para montar o show inteiro. Juntamos aos meus sambas-por-acaso alguns outros sem os quais o micróbio jamais existiria e embarcamos para a Itália.
Depois da míni-tour de pré-estreia por Itália, Suíça e Eslovênia, Adriana lembra que foi para Portugal, para fazer então a menor turnê do mundo com dois shows em Lisboa, um no Porto e pronto, acabou. Até que um amigo português, que me conhece muito bem, viu um desses shows e mandou um e-mail depois, dizendo: ‘Não parecias triste…’ Ali, percebi que não fazia sentido não fazer essa turnê.
Ela revela que estava triste, mas não pelo show, pelo violão, pela mão impossibilitada. Não pelo que determinei que ficaria triste, por não poder tocar no show, porque não toco violão neste show, mas toco secador de cabelo, toco xícaras de chá, mpc, bagulhinhos eletrônicos de nomes estranhos tipo thingamagoop, caixa de fósforo, canto, danço, me divirto pra caramba. Ou seja, não parecia triste porque não estava triste, a verdade é essa. Até porque o show, desde o início, está redondo. Desde que comecei a apresentá-lo mantive o mesmo roteiro, mudando apenas três ou quatro canções de lugar.
Assim, deixando suas determinações em algum lugar daquela viagem, a turnê rumou para o Brasil, começando pelo Teatro Castro Alves, em Salvador e seguindo estrada afora. Outro amigo português, comemorando a notícia arriscou: não há de acabar mal uma aventura que começa em Portugal e segue para a Bahia…, finaliza a cantora que, feliz da vida, já voltou a dedilhar o violão.