Apesar de distantes, as eleições para o governo do Estado de 2014 já acirram as tensões entre o PSDB e o PT também no Paraná, reproduzindo o que acontece entre os dois partidos no plano nacional. Nas últimas semanas, lideranças tucanas e petistas elevaram o tom dos ataques mútuos, sinalizando o que deve ser a campanha pelo Palácio Iguaçu no ano que vem.

Candidato à reeleição, o governador Beto Richa (PSDB) tem batido na tecla de que o governo federal discrimina o Paraná na distribuição de verbas, e prejudica os estados e municípios por conta das políticas de desoneração tributária que retiram recursos dos demais entes federados. Já os petistas – que têm como pré-candidata ao governo a ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann – acusam a atual administração de paralisia e de copiar projetos do governo Dilma Rousseff.

Durante a semana, o líder do governo Richa na Assembleia Legislativa, deputado Ademar Traiano (PSDB), bateu duro no PT, ao acusar Dilma de fazer cortesia com chapéu alheio, ao retirar recursos dos fundos de participação dos Estados (FPE) e dos Municípios (FPM), com a redução de alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para diversos setores empresariais. E criticou o partido por alardear medidas como a distribuição de retroescavadeiras para prefeituras, como compensação por isso. A presidente Dilma dá com uma mão e tira com a outra. Ao mesmo tempo que doa uma máquina que custa algo em torno de R$ 200 mil tira milhões de repasses do Fundo de Participação dos Municípios, afirmou.

Traiano lembrou que enquanto o aumento da arrecadação do ICMS, tributo recolhido nos Estados e municípios, foi de 12,5%, os repasses do FPM, que o governo federal distribui aos municípios teve um incremento de apenas 3,5%.
O tucano também acusou o governo petista de estar matando a Petrobras, ao segurar artificialmente os preços dos combustíveis, provocando o endividamento da companhia. Enquanto isso, os custos de operação dobraram, a produção de petróleo caiu e a Petrobras tem problemas de caixa, apontou ele, afirmando que a Petrobras estaria sendo usada como instrumento de marketing político para sustentar a popularidade da presidente com objetivos eleitorais.

O presidente do PT paranaense, deputado estadual Ênio Verri, rebateu acusando o governo Richa de pegar carona no governo Dilma, se promovendo a custas dos investimentos federais no Paraná. Ele citou como exemplo o programa Minha Casa, Minha Vida e os equipamentos, como retroescavadeiras, caminhões e tratores, adquiridos pelo governo federal para os municípios.

Verri também reagiu as críticas de Traiano sobre as políticas desoneração de impostos, que afetam os repasses a estados e municípios. É graças a esta política de diminuição dos impostos que o Brasil vem se desenvolvendo como nunca, que alcançamos o pleno emprego, a renda média, que somos modelo de desenvolvimento para o mundo. As críticas do governo Beto Richa não passam de dor de cotovelo, pois estamos mudando radicalmente a realidade dos brasileiros, disse o dirigente.

Reprise — O acirramento da troca de farpas entre tucanos e petistas paranaenses coincide com a escalada de ataques entre os dois partidos no plano federal. Na semana passada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou a candidatura à reeleição da presidente Dilma, afirmando que a vitória dela em 2014 seria uma resposta às críticas do PSDB ao PT e ao governo federal. No mesmo dia, o pré-candidato do PSDB à presidência, senador Aécio Neves (MG), fez discurso elencando os 13 fracassos do PT, no governo, destacando os baixos índices de crescimento econômico dos dois primeiros anos da administração de Dilma.