A médica Virginia Helena Soares de Souza, acusada de homicídios em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Evangélico, foi solta ontem por decisão da Justiça. Virgínia estava com prisão preventiva desde o dia 19 de fevereiro, depois que foi presa pelo Núcleo de Repressão de Crimes Contra a Saúde (Nucrisa). Ela chegou a ser transferida para a unidade penal feminina em Piraquara, mas retornou para o Centro de Triagem Feminina I, em Curitiba.
A decisão pela soltura de Virgínia foi do Juiz de Direito da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Curitiba, Daniel Surdi de Avelar, que atendeu pedido da defesa. Virgínia deixou o Centro de Triagem pouco antes das 16 horas em companhia de seu advogado, Elias Mattar Assad, mas não falou com a imprensa.
Com a liberdade da médica, seu advogado declarou que irá mobilizar os meios científicos e promover todas as medidas previstas em lei junto ao Poder Judiciário, inclusive para o trancamento da ação penal por carência de justa causa. Não é a primeira vez que a ignorância aprisiona a ciência, nem será a última que a ciência libertará a ciência. O problema é que tanto uma como a outra, não tem limites e a sociedade terá que novamente renascer de si, disse Assad.
O Ministério Pùblico do Paraná, avisou que vai recorrer da decisão. Outras pessoas que também foram presas em fevereiro foram soltas na semana passada, assim que a Promotoria de Justiça de Proteção à Saúde Pública de Curitiba ajuizou denúncia sobre os supostos crimes ocorridos na Unidade de Terapia Intensiva Geral do Hospital Evangélico, entre janeiro de 2006 e fevereiro de 2013.

A denúncia teve como base o inquérito policial feito pelo Nucrisa, e levou em conta testemunhos de dezenas de pessoas ouvidas na investigação, interceptação telefônica decretada pelo Juízo da Vara de Inquéritos Policial de Curitiba e prontuários médicos.
De acordo com a denúncia, no período compreendido, pelo menos, entre janeiro de 2006 e 19 de fevereiro de 2013, os profissionais denunciados, sob a liderança da médica Virgínia Helena Soares de Souza, teriam se associado em quadrilha, cada qual a partir do momento em que passaram a trabalhar na UTI Geral do Hospital Evangélico, para o fim de cometer homicídios de pacientes internados naquela unidade, mediante uso insidioso e sorrateiro de instrumentos, medicamentos e equipamentos daquela casa hospitalar, na qual trabalhavam no exercício regular de suas profissões de saúde.
Assad, após leitura do despacho de recebimento da denúncia contra a sua cliente, declarou que sua defesa vai prosseguir na tese da ausência de prova de existência de fato criminoso e materialidade de qualquer crime.
Diretoria — Na terça-feira, a nova diretoria do Hospital Evangélico se apresentou ao secretário municipal de Saúde, Adriano Massuda. Jurandir Marcondes Ribas Filho é o novo diretor-geral do Hospital Universitário Evangélico, e Maurus Vinícius Stier Serpe, assumiu a direção-técnica da instituição.