Os deputados estaduais Jocelito Canto (PTB) e Valdir Rossoni (PSDB) protagonizaram ontem um intenso bate-boca no plenário da Assembleia Legislativa. Sob o pretexto de comentar o escândalo de corrupção envolvendo o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), Canto acabou se referindo a denúncias contra o governo Jaime Lerner e a administração do prefeito de Curitiba, Beto Richa, de quem Rossoni é aliado. O tucano, que também é presidente estadual do PSDB, desafiou o petebista a provar as acusações, e prometeu interpelá-lo na Justiça.
Canto é um dos mais assíduos frequentadores da tribuna do plenário da Assembleia. Diariamente, o petebista ocupa o espaço, em alguns casos mais de uma vez na mesma sessão, e constantemente reproduz denúncias contra o governo Lerner e outros políticos, além de questionar a atuação do Ministério Público, autor de diversas ações contra Canto envolvendo o período em que ele foi prefeito de Ponta Grossa, entre 1996 e 2000.
Ontem, mais uma vez, após comentar o caso do governo do DF, em que o governador e deputados foram flagrados em gravações de vídeo recebendo dinheiro que viria de propina de fornecedores do Estado, o deputado voltou a lembrar das denúncias envolvendo a administração Lerner, e em seguida, a afirmar que haveria também corrupção na prefeitura de Curitiba.
Rossoni não gostou, e questionou Canto e a presidência da Assembleia. “Faço um desafio. Já que o senhor é o rei da honestidade, que traga aqui sua ficha corrida (na Justiça) e vamos ver quem tem mais processos. O petebista rebateu de pronto: “vamos ver quem enriqueceu. Eu não fui líder do Lerner”, referindo-se ao fato do tucano ter sido líder do governo na época.
Canto continuou a discussão, admitindo responder a 22 processos. “Não tem nenhum por roubo”, alegou, afirmando que os processos teria sido produzidos pelo Ministério Público por pressão do governo Lerner. “Não tenho medo de Justiça, Ministério Público, nem de vossa excelência”, afirmou.
Desafio — Rossoni então ocupou a tribuna no horário da liderança do PSDB para contestar Canto e novamente desafiá-lo. Reclamou que o petebista levanta diariamente acusações contra autoridades e instituições, sem apontar provas. “Quero que me responda três perguntas: se (confirma) que o Ministério Público estava vendido para o governo anterior; se o Tribunal de Justiça é conivente com corrupção; e as acusações levianas em cima do prefeito Beto Richa. Se tiver alguma prova contra algum parlamentar que apresente e peça a cassação. Ficamos ouvindo pessoas desqualificadas e nos calamos”, reclamou.
Canto pediu aparte ao tucano, que recusou, afirmando que não daria porque o colega não merecia. Mesmo assim o petebista ainda disse ao microfone que Rossoni teria dado dinheiro ao deputado Péricles de Mello (PT), que em 2000 foi eleito prefeito de Ponta Grossa, vencendo Jocelito Canto. “Me nego a fazer debate desqualificado”, reagiu o tucano.
Canto exigiu voltar a tribuna no final da sessão para “explicações pessoais”, sob apelo de bom senso do presidente da Casa, Nelson Justus (DEM). “Eu não sou desqualificado. Nunca ajudei a sustentar um governo ladrão”, disse.