A possibilidade de ser mais independente, se tornar o próprio chefe e de ter um retorno financeiro maior do que o salário que recebe todo mês é o desejo de boa parte das pessoas, em qualquer lugar do mundo. No Brasil, um estudo sobre a relação entre a população e o empreendedorismo, realizado pela Endeavor – organização internacional sem fins lucrativos que promove o empreendedorismo de alto impacto – identificou que três em cada quatro pessoas – 76% da população brasileira – pretendem ter o próprio negócio.  Esta é a segunda maior taxa do mundo, ficando atrás apenas da Turquia. Nos Estados Unidos, por exemplo, apenas um a cada dois americanos demonstram esse mesmo desejo. 
 
Muito além de sonhar, os brasileiros querem realizar. Mais de 50% dos entrevistados acha provável abrir uma empresa de fato nos próximos cinco anos. No entanto, apenas para 19% essa possibilidade é muito provável, um porcentual baixo se comparado ao potencial dos brasileiros. 
 
Se existe a vontade, o que falta para empreender?
A pesquisa aponta que, de acordo com a percepção da população, os principais motivos que desencorajam a carreira empreendedora são a falta de recursos financeiros e a possibilidade de falência – motivos estes que são presentes também em pesquisas mundiais sobre o tema.  
 
Outra barreira encontrada por quem pensa em empreender é a necessidade de ter uma noção concreta e real dos riscos e outras demandas que a empreitada exige. “Em conversa com os empreendedores, nós percebemos a importância de ter um exemplo de sucesso no seu circulo de relacionamento. Os empreendedores que tiveram experiencia anterior trabalhando em novas empresas usaram esse aprendizado para evoluir seus próprios negócios mais tarde”, aponta Amisha Miller, gerente de Pesquisa e Políticas Públicas da Endeavor.
 
Muitas vezes o valor de uma boa preparação é subestimado. Muitos possuem o desejo de empreender, mas acreditam na ideia de que isso é um dom que nasce com a pessoa, e não se aprende. Os empreendedores que estão crescendo são aqueles que buscam acessar fontes variáveis de informação, tais como jornais e revistas; procuram a orientação de organizações de apoio e obtiveram um bom nível de educação formal. 
 
Esses empreendedores são os únicos que efetivamente empregam outras pessoas e representam apenas 4% do total da população. Ou seja, só essa pequena parcela está contribuindo para a geração de oportunidades de trabalho e para o crescimento econômico do país. Esse perfil de empreendedor também é o que tem renda pessoal e educação formal mais elevada. Dessa forma, podemos observar a importância da busca do empreendedor em se aprimorar e capacitar, já que a sua preparação está diretamente relacionada ao sucesso do negócio, reforça.
 
A pesquisa inédita foi realizada com brasileiros de todas as regiões do país com o objetivo de mapear as diferenças entre empreendedores e não empreendedores na população brasileira, a fim de identificar quais são os principais entraves para iniciar um negócio e também quais são as principais iniciativas e recursos que podem ser oferecidos para estimular o seu crescimento. Só deste modo, poderemos incentivar a formação de um ecossistema que favoreça o empreendedorismo – oferecendo a capacitação necessária, recursos financeiros acessíveis e um ambiente regulatório favorável, completa.