A Vale fechou nesta sexta-feira (26), acordo com o governo argentino para sair do projeto de potássio Rio Colorado, que tinha investimento previsto de US$ 5,9 bilhões. A assessoria da mineradora informou que a Argentina aceitou o acordo, mas não forneceu detalhes. Confirmou apenas que, com a conclusão das negociações, a Vale poderá iniciar o processo de rescisões de contratos de fornecimento de serviços e equipamentos para o projeto.

A Vale e outras empresas haviam contratado em torno de 6.900 funcionários. No fim do mês passado, a Justiça do Trabalho da Argentina havia acatado pedido de medida cautelar solicitada pela União Operária da Construção da República Argentina (Uocra) para impedir a mineradora e empreiteiras de retirar ferramentas, máquinas e desmontar qualquer estrutura do projeto, oficialmente suspenso no dia 11 de março. As obras estão paralisadas desde dezembro. As maiores empreiteiras contratadas pela Vale foram a argentina Techint e as brasileiras Odebrecht, Camargo Correa e Andrade Gutierrez.

Na quinta-feira, 25, a presidente Dilma Rousseff reuniu-se na Argentina com a presidente Cristina Kirchner e o projeto Rio Colorado fez parte da pauta do encontro. Ao final, autoridades argentinas mostraram-se confiantes numa solução, mas comentaram que a retomada das obras não seria, necessariamente, por parte da Vale, mas de possíveis terceiros sócios.

“Há caminhos para fazer isso, mas precisamos de cooperação da Vale para não empurrar a concessão da mina com a barriga e que baixe sua ambição”, disse à Agência Estado uma fonte argentina que acompanhou as discussões.

Em entrevista por teleconferência, na quinta-feira, 25, para comentar o balanço financeiro e operacional da Vale no primeiro trimestre, o presidente da mineradora, Murilo Ferreira, deixou claro não ter planos de voltar atrás e retomar o investimento. “Esperamos que, com essas discussões, que estão em curso esta semana, a Vale deixe a Argentina da forma mais serena e pacífica possível e que o Projeto Rio Colorado seja implantado, mas por outros sócios”, afirmou. “Queremos sair adimplentes com empregados e fornecedores.”

Na ocasião, ele ponderou que o problema era a subsidiária Vale Argentina não ter receitas próprias e depender de aportes da controladora, no Brasil. “Os compromissos exigem remessas para a Argentina e os recursos estão se exaurindo naquele país”, disse Ferreira.

Orçado inicialmente em US$ 5,9 bilhões, o projeto custará US$ 611 milhões aos cofres da Vale este ano. A cifra inclui o pagamento de compromissos a serem honrados, salários de funcionários e impostos para que a companhia mantenha os direitos minerários na região.