Mesmo com dores e contrações, uma gestante foi liberada por conta da greve dos médicos após passar por atendimento na Santa Casa de Leme (SP) e acabou perdendo o bebê.

O caso aconteceu no sábado (20), mas o boletim de ocorrência foi registrado apenas nesta quarta-feira (24). Abalada, a família acusa o hospital de negligência.

A Santa Casa, que está em greve desde a última quinta-feira (18) por reajuste salarial e outros benefícios, afirmou que só irá se pronunciar durante a tarde. Os trabalhadores pedem 20% de aumento, mas a provedoria do hospital ofereceu 6,97%, o que não foi aceito.

O Caso

A gestante de 36 anos estava no oitavo mês de gravidez e procurou o hospital com contrações. Em greve, o médico reclamou por ter que atendê-la, afirmando que trabalha em más condições e que não tem estrutura.

A mãe da gestante, Adaildes Cunha Henklein, de 61 anos, desabafou em entrevista ao G1. Ele perguntou para minha filha se ela não tinha visto a faixa dizendo que eles estão em greve e disse que não podia fazer nada. Ele deu um remédio para dor e já deu alta”.

Adaildes afirma que o médico devia ter internado sua filha ou até mesmo feito o parto. Ela ainda diz que uma nova tentativa foi feita no domingo (21) de manhã, quando os familiares entraram em contato com a médica que acompanhou a gravidez.

Dissemos que pagaríamos tudo para ela nos atender. Mesmo assim, ela disse que não poderia atender porque estava sem banho e sem comer e mandou que a gente procurasse a Santa Casa”, relata.

Na segunda-feira (22), ainda com dor, a mulher voltou ao hospital e foi atendida por outro médico, que fez o diagnóstico de que o bebê tinha morrido. Abalada, a família procurou a delegacia três dias depois e foi orientada a prestar queixa. Tenho certeza que isso ocorreu por causa da greve, foi muita negligência, reclama Adaildes.

O boletim de ocorrência foi registrado como homicídio culposo e será aberto um inquérito pela Polícia Civil para investigar o caso.