A cúpula do PT paranaense descarta qualquer chance da ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, desistir de disputar o governo do Estado em 2014, por conta da crise política gerada pela onda de manifestações populares que tomaram conta do País e atingiram a popularidade da presidente Dilma Rousseff. Segundo o vice-presidente da Câmara Federal, deputado André Vargas (PT), Gleisi deve deixar a Casa Civil até o final do ano para reassumir sua cadeira no Senado logo após o recesso de final de ano e iniciar a preparação de sua candidatura ao Palácio Iguaçu.

Após a série de protestos que provocaram queda recorde na avaliação do governo Dilma e nas intenções de voto da presidente, surgiram rumores de que Gleisi poderia desistir de disputar o governo paranaense. Levantamento da Paraná Pesquisas divulgado no final de julho aponta que a aprovação a Dilma em Curitiba caiu de 61,18% no final de 2013 para 32% no mês passado, enquanto a desaprovação cresceu de 33,23% para 64,79% no mesmo período. Isso levou à avaliação de que a chefe da Casa Civil, por sua proximidade com Dilma, também teria sido atingida pela crise. Segundo essa versão, o ex-senador Osmar Dias (PDT), que em 2010 já foi candidato ao governo com o apoio do PT, poderia substituí-la.

Não tem isso. Ela (Gleisi) é candidata. O Osmar, hoje, não está se portando como candidato ao governo. Ele tem se colocado para o Senado, garante André Vargas. Segundo o parlamentar, Gleisi, assim como outros ministros que pretendem disputar as eleições do ano que vem, não devem esperar até abril – prazo limite para a desincompatibilização – para deixarem seus cargos. No final do ano, novembro ou dezembro, ela deixa o governo e vem para o Estado. Ninguém vai esperar até abril. A presidente tem que organizar seu gabinete para disputar a reeleição, argumenta. Ela volta para o Senado em janeiro, após o recesso, prevê.

Segundo Vargas, o PT e o grupo político da presidente até pode até ter outras alternativas, mas não trabalha hoje com outra hipótese que não a candidatura de Gleisi. É a alternativa mais competitiva. Quem tem obrigação de apresentar candidato de oposição ao Beto Richa é o PT, avalia.

Cenário — O vice-presidente da Câmara garante que o partido tem pesquisas internas que mostram que o cenário eleitoral no Paraná não se alterou significativamente após as manifestações. Nossas informações é de que a Gleisi mantem a mesma coisa, explica ele, dizendo que apenas o senador Roberto Requião (PMDB) teria tido um pequeno crescimento nas suas intenções de voto.

Sobre o PMDB, aliás, os petistas trabalham com a hipótese de que o partido terá candidato próprio ao governo, apesar da divisão interna. Hoje, a legenda está rachada entre a bancada na Assembleia Legislativa, cuja maioria defende o apoio à reeleição do governador Beto Richa; a ala de Requião, que reivindica a vaga de candidato para o senador. O terceiro grupo, do ex-governador Orlando Pessuti, também defende publicamente a candidatura própria, mas ao mesmo tempo, é próximo do PT de Gleisi. Nossa visão é de que várias candidaturas é melhor para enfrentar um candidato à reeleição, diz Vargas.