No Paraná, uma mulher morre vítima de violência doméstica a cada dia. De 2009 a 2011 ,foram registrados, em média, 345 óbitos por ano, ou seja, uma morte a cada 1, 05 dia, segundo o estudo Feminicídios: a violência fatal contra a mulher, divulgado nesta quarta-feira (25) pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea). O levantamento aponta uma taxa nacional de mortalidade de 5,82 óbitos por grupo de 100 mil mulheres. Já no Paraná a situação é mais alarmante. A cada grupo de 100 mil, 6,49 são mortas. O índice é também o maior da região Sul onde Rio Grande do Sul apresenta uma taxa de 4,64 e Santa Catarina, de 3,28% (a segunda menor do País, atrás do Piauí, com taxa de 2,71 por grupo de 100 mil mulheres.
O estudo teve como meta avaliar o impacto da Lei Maria da Penha, que completou sete anos em agosto. Por isso o período de análise abrangeu dados sobre o óbito das mulheres — a expressão máxima da violência contra a mulher — de 2001 a 2011. Foram ainda consideradas as mortes causadas por homens, geralmente parceiros ou ex-parceiros, decorrentes de situações de abusos no domicílio, ameaças ou intimidação, violência sexual, ou situações nas quais a mulher tem menos poder ou recursos do que o homem.

Para a secretária municipal de Políticas para as Mulheres de Curitiba, Roseli Isidoro, os números infelizmente não causam surpresa.  Ela relata que o Paraná apresentou pior desempenho em relação ao tratamento dispensado às mulheres no Relatório Final da Comissão Parlamentar de Inquérito da Violência Contra a Mulher no Brasil, de julho de 2013.  O Paraná ficou em terceiro lugar em número de mortes de mulheres vítimas da violência doméstica, com taxa de 6,49 por grupo de 100 mil, e Curitiba como a quinta capital a apresentar maiores índices de violência contra as mulheres, explicou a secretária.
Brasil — No País, entre 2001 e 2011, estima-se que ocorreram, em média, 5.664 mortes de mulheres por causas violentas a cada ano, 472 a cada mês, 15,52 a cada dia, ou uma a cada 90 minutos.
 Mulheres jovens são as principais vítimas. Das mortes analisadas, 31% estavam na faixa de 20 a 29 anos e 23% de 30 a 39 anos. Mais da metade dos óbitos (54%) foram de mulheres de 20 a 39 anos.  No Brasil, 61% dos óbitos foram de mulheres negras (61%), que foram as principais vítimas em todas as regiões, à exceção da Região Sul. Merece destaque a elevada proporção de óbitos de mulheres negras nas regiões Nordeste (87%), Norte (83%) e Centro-Oeste (68%).

Definições e números
Feminicídio é a denominação dada à morte de mulheres decorrentes de conflitos de gênero.

No período de 2001 a 2011, foram registrados 50 mil feminicídios no País, o que equivale a 5.000 mortes por ano.

Os parceiros íntimos respondem por 40% de todos os homicídios de mulheres no mundo.

A maior parte das vítimas tem baixa escolaridade, 48% daquelas com 15 ou mais anos de idade tinham até 8 anos de estudo.

No Brasil, 50% dos feminicídios envolveram o uso de armas de fogo e 34%, de instrumento perfurante, cortante ou contundente. Enforcamento ou sufocação foi registrado em 6% dos óbitos.

Taxa por 100 mil mulheres
1 Espírito Santo    11,24
2 Bahia                9,08
3 Alagoas            8,84
4 Roraima           8,51
5 Pernambuco     7,81
6 Goiás              7,57
7 Rondônia         7,42
8 Paraíba           6,99
9 Mato Grosso   6,95
10 Pará             6,81
11 Tocantins      6,75
12 Minas Gerais  6,49
13 Paraná          6,49

(*) Brasil e Unidades da Federação, 2009 a 2011
Elaboração: Ipea/Diset