Aos 73 anos, o baterista dos Beatles continua em frenética atividade: acaba de lançar um muito comentado livro de fotografias, “Photograph” (Genesis Publications); recebeu a medalha de Comendador das Artes do governo da França; lançou um DVD novo de sua turnê atual (“Ringo at the Ryman”) e chega à América do Sul com sua All Starr Band pela segunda vez em dois anos para fazer oito concertos no Brasil, Uruguai, Argentina e Peru.  Depois de tocar em São Paulo na terça, chega hoje a Curitiba, no Teatro Positivo. “Não gosto de dizer qual é o repertório porque estraga a surpresa. E faz parte da atmosfera do show de Ringo a surpresa. A maior parte das músicas é de hits dos anos 1970 e 1980, como de hábito. Mas deveremos tocar Africa, do Toto, por causa do Steve (Lukather, ex-integrante do Toto) e algumas coisas também da experiência de Gregg (Rolie, que integrou a banda de Santana), os novos integrantes da All Starr Band”, afirmou Ringo, falando à reportagem por telefone. Possivelmente, estarão no repertório também “Rosanna”, do Toto, e “Oye cómo Va”, de Santana.

Ringo estava em Los Angeles, na Califórnia, onde deu uma concorrida entrevista sobre os dois shows que fará em Las Vegas, no cassino The Palms, nos dias 22 e 23 de novembro. Também lançou lá nos Estados Unidos uma curiosa gincana: demonstrou interesse em conhecer seis jovens anônimos que aparecem numa foto que ele clicou em 1964. O que deflagrou uma frenética corrida.

“Eu falei da minha curiosidade sobre aqueles jovens que aparecem na fotografia em uma entrevista, e virou uma loucura. De repente, todo o País estava procurando pelos garotos e finalmente nós os encontramos. Um deles foi entrevistado na CBS. O que posso dizer é que não são mais crianças…”, brincou o baterista.

“Meu livro de fotografias é uma seleção de fotos que eu fiz ao longo da minha carreira. Nós todos nos Beatles estávamos sempre fotografando, fosse nos bastidores ou da janela do carro, porque estávamos o tempo todo em movimento. Foi o que aconteceu com aqueles garotos. Fotografei os Beatles, mas também muita gente comum, familiares. É uma visão única, algo que somente eu mesmo poderia ter registrado, por conta da minha proximidade. Nada era calculado. Tudo isso está no livro, que também pretendo lançar na América do Sul”, disse.

Ringo e sua All Starr Band (que é um grupo integrado por convidados de outros conjuntos que tiveram muita ou alguma celebridade) estiveram no Brasil em 2011. Em geral, ele compõe o repertório com músicas de soft rock de cada um dos integrantes da banda e canções suas e dos Beatles. Na turnê de 2011, a banda era composta por Wally Palmar, Rick Derringer, Edgar Winter, Gary Wright, Richard Page, Mark Rivera e Gregg Bissonette. Desses, não voltam Palmar, Derringer, Winter e Wright. No lugar deles, entraram Steve Lukather, Gregg Rolie e Todd Rundgren (ex-Utopia).

No show, Ringo canta e toca bateria (há outro baterista, Gregg Bissonette, que segura a onda quando Ringo está ao microfone). Quem é beatlemaníaco nunca perde a chance de ver Ringo com as baquetas, situação que é objeto de debate eterno: o baterista divide opiniões, há quem não o ache relevante. Mas quem entende não tem a menor dúvida. “Ringo mudou completamente o jeito de tocar bateria no rock. Ele não tem o reconhecimento que merece”, disse o lendário baixista Jack Bruce, que integrou a banda Cream ao lado de Eric Clapton e Ginger Baker.

Costuma incluir “Yellow Submarine”, “I Wanna be Your Man” e “With a Little Help from My Friends”. Também entram canções que os Beatles gravaram: “Boys” (que Ringo já tocava com Rory Storm) e “Act Naturally” (cover de Buck Owens que os Beatles gravaram em Help!). Outra que evoca os velhos parceiros é “Photograph” (composição de Ringo e de Harrison).

Na coletiva de imprensa em Los Angeles, Ringo brincou ao ser indagado se gostaria que Paul McCartney se juntasse à sua banda para alguns shows. “Sim, seria bom. Porém, a banda continuaria se chamando Ringo Starr”, ironizou.


Senhor dos anéis
O britânico Richard Starkey ganhou esse apelido, Ringo, por usar muitos anéis (rings) no tempo em que integrou uma banda anterior aos Beatles, Rory Storm and the Hurricanes. Desde o final dos Beatles, Ringo faz discos e excursiona com a All Starr Band. Diz que não tem planos de gravar um disco de originais com a banda, que é apenas de curtição no palco. “Quando eu faço um disco solo, aí entra apenas material inédito. Ouça meus dois discos recentes e você verá a diferença”, recomendou o Beatle.

O traje
Ringo se veste como Ringo: paletó, camiseta, calça jeans, tênis e um cinto de fivelão. Todo de preto. Não peça autógrafos a ele, não é provável que consiga, ele não dá mais. “Já dei autógrafos o bastante na rua. Honestamente, acho que foi o suficiente”.

À bateria, ainda balança a cabeça daquele jeito de quem parece que está tirando água do ouvido, um movimento contra a batida, como nos tempos do filme Os Reis do Iê-iê-iê. O cabelo sempre muito curto, do mesmo tamanho da barba, e um humor tipicamente britânico, com uma piada sempre na ponta da língua.


SERVIÇO:
Ringo Starr e sua banda All Starr Band
Quando: Hoje
Local: Teatro Positivo – Grande Auditório (R. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300)
Horários: abertura do teatro – 20hs / Início dos shows: 21h30
Tempo do Espetáculo: aproximadamente 1h30
Ingressos
Valores: variam de R$205,00 (meia-entrada) a R$555,00 (inteira), de acordo com o setor.
Plateia Inferior (filas de 01 a 15) – R$555,00 (inteira) e R$280,00 (meia-entrada)
Plateia Superior (filas de 16 a 28) – R$405,00 (inteira) e R$205,00 (meia-entrada). A meia-entrada é válida para estudantes, pessoas acima de 60 anos, professores, doadores de sangue e portadores de necessidades especiais (PNE).
Classificação etária: 14 anos