Desde a prisão dos mensaleiros, o PT e seus militantes têm produzido um histérico alarido para sugerir que se praticou uma injustiça inominável contra grandes patriotas.

Os petistas centram suas queixas ao tratamento dispensado a dois mensaleiros: José Dirceu e José Genoino. Afirmam, com a maior cara dura, que são presos políticos. Dirceu, guerrilheiro fracassado na década de 70, tornou-se lobista depois de demitido da Casa Civil e ter o mandato de deputado federal cassado por causa do mensalão. Entre seus clientes está Carlos Slim, o homem mais rico do mundo. Preso, Dirceu ganhou emprego de R$ 20 mil em um luxuoso hotel de Brasília. Mas o mensaleiro alega ser perseguido pelas elites.

Outro candidato à mártir do PT é José Genoino. Genoino teve de renunciar a presidência do PT em 2005 depois que o assessor de seu irmão, o deputado José Nobre Guimarães (PT), foi preso no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, ao tentar embarcar num vôo para Fortaleza com 200 mil reais dentro da mala, além de 100 mil dólares entrouxados na cueca.

Antes desse pitoresco envolvimento com moeda americana, Genoino já tinha tido uma vida agitada. Em 1972 participou da guerrilha do Araguaia, uma tosca tentativa do PCdoB de promover uma revolução no Brasil e implantar comunismo. José Dirceu entrou clandestinamente no Brasil em 1975 como membro do Molipo (Movimento de Libertação Popular). O brilhante projeto era transformar o Brasil em um regime comunista ao estilo de Cuba.

Esse histórico destrói a lorota que Genoino e Dirceu lutaram alguma vez pela democracia. Na verdade, queriam simplesmente substituir a ditadura militar por uma ditadura comunista. Dirceu defendia o modelo cubano, Genoino o modelo maoísta chinês, ainda mais sanguinário. O Brasil não deve nada a eles nem a suas lutas equivocadas e seus projetos aloprados.

O fracasso das iniciativas revolucionárias de Dirceu e Genoino os levou para a política partidária. Ingressaram no PT onde se transformaram em mentores de Lula. Genoino chegou a presidente do PT e Dirceu o todo-poderoso chefe da Casa Civil. Foi nessa condição que cometeram os crimes que os levaram a prisão.

Genoino foi condenado, por corrupção, por 9 dos 10 juízes que o julgaram. Só o indizível ministro Ricardo Lewandovski o absolveu. Genoino assinou empréstimos frios para o PT tendo como avalista Marcos Valério. Eram manobras contábeis para esquentar dinheiro público, dezenas de milhões, desviados principalmente do Banco do Brasil – com a inestimável ajuda do mensaleiro fujão Henrique Pizzolato – para comprar apoios políticos e pagar os mensaleiros.

Todas as testemunhas confirmam que José Genoino, junto com Delúbio e José Dirceu, mas também sozinho, participava dos encontros nos quais se acertava a compra de apoio ao governo Lula.

Genoino foi avalista de empréstimos fictícios do PT com o Banco Rural e assinava as renovações do crédito, a cada três meses. Ninguém, a não ser o ministro Lewandovski, conseguiu acreditar que um homem que foi deputado federal três vezes, presidente do PT, fazia tudo isso na maior ingenuidade.

Embora a doença de Genoino seja real (fez uma cirurgia cardíaca em julho) o petista agiu de forma deliberada para se transformar no mártir do mensalão. Negou-se a autorizar o exame médico de corpo de delito a que são submetidos aqueles que são presos. Depois seu advogado anunciou que ele teria sofrido um princípio de infarto. Essa é uma expressão que frequenta o imaginário dos leigos, mas, assim como a ameaça de fratura na ortopedia, ou meia gravidez, na obstetrícia, é uma ocorrência que não existe na literatura médica. Examinado por 5 cardiologistas descobriu-se que sua doença não é grave nem impede que cumpra sua pena na cadeia.

Longe de perseguição e tratamento desumano, os mensaleiros estão recebendo regalias que revoltam os familiares de presos comuns na Penitenciaria da Papuda. Recebem visitas fora dos dias previstos, em número acima do permitido, e seus familiares não são submetidos às rigorosas e constrangedoras revistas que sofrem os familiares dos presos comuns. Famílias de mensaleiros e seus amigos também não precisam entrar em filas para pegar senhas para visitas. Ao contrário do que se diz a transferência dos mensaleiros para Brasília foi um procedimento normal dentro dos ritos jurídicos.

Ao se proclamarem presos políticos, Genoino, Dirceu e outros integrantes da quadrilha do mensalão querem sugerir que foram condenados e presos por um tribunal de exceção manipulado pelas elites inconformadas com o seu progressismo. Nada mais falso ou cínico.

Os mensaleiros foram condenados e presos em um país que vive uma democracia plena e é governado pelo PT, partido que criou o mensalão, tem um Congresso onde o PT tem maioria e um Supremo Tribunal Federal que teve 8 de seus 11 membros nomeados por presidentes do PT.

Os procuradores da República que produziram as provas que condenaram os mensaleiros também foram nomeados por Lula e Dilma. Só o mais absoluto descaramento e falta de vergonha na cara pode sugerir que condenações nessas circunstâncias tenham ocorrido em condições adversas para os réus.

Ademar Traiano é deputado estadual pelo PSDB e líder do governo na Assembleia