A taxa de desocupação mostrada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) em patamar superior à verificada pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), ambas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não deve ser encarada como uma deterioração no cenário do mercado de trabalho brasileiro, segundo a presidente do instituto, Wasmália Bivar.

“Já não era preocupante o cenário do mercado de trabalho brasileiro, pelo contrário. O cenário que o IBGE vem mostrando é de um mercado de trabalho extremamente aquecido, com taxa de desocupação baixa”, afirmou Wasmália. A Pnad Contínua aponta para uma taxa de desocupação média de 7,35% em 2012, segundo a soma dos quatro trimestres verificados pela pesquisa, contra uma taxa de desemprego média de 5,5% mostrada pela PME naquele ano.

Além do cálculo impreciso devido à diferença na periodicidade, as pesquisas ainda possuem diferenças no corte por idade e abrangência territorial. “As pesquisas não são em nada comparáveis”, ressaltou a presidente do IBGE, apontando que a Pnad Contínua dá o retrato de todo o Brasil, enquanto a PME só mostra seis regiões metropolitanas. “Quando você fala em Brasil, você fala em Altamira, no Pará. Vão ter os grandes serviços como tem em São Paulo? Óbvio que não”, exemplificou.

A Pnad Contínua mostrou uma taxa de desemprego de 7,4% no segundo trimestre de 2013, o dado mais recente divulgado. Mas Wasmália acrescentou que depois disso o mercado de trabalho mostrou maior dinamismo, ficando ainda mais aquecido. Quanto à avaliação do resultado, Wasmália afirmou que o IBGE não trabalha com o conceito de pleno emprego. “Se o Brasil está ou não em pleno emprego com uma taxa de desocupação de 7,4% no segundo trimestre de 2013, é preciso consultar os acadêmicos. Porque não existe definição única, não é questão estatística. É questão de ponto de vista acadêmico. E aí não nos cabe afirmar isso”, disse.