O senadora Gleisi Hoffmann (PT) propôs ontem um voto de censura a uma avaliação do Federal Reserve (FED), banco central americano, que classifica a economia brasileira como a segunda mais vulnerável de uma lista de 15 países emergentes, à frente apenas da Turquia. O anúncio da senadora foi debatido na reunião de ontem da Comissão de Assuntos Econômicos.

Gleisi acusou o FED de ter extrapolado seu mandato, argumentando que o banco central de um país não pode fazer, oficialmente, avaliação da situação econômica de outro e que a ação tende a interferir nos mercados uma vez que os investidores, com base nas conclusões do FED, poderão alterar suas decisões de futuros investimentos.

O senador Alvaro Dias (PSDB) discordou de Gleisi e disse que, nesta hora, não cabem as produções cinematográficas, com os seus efeitos especiais, para mostrar ao povo brasileiro que nós estamos no paraíso, porque não estamos. De acordo com o parlamentar, os números dizem o contrário. O próprio Banco Central, acrescentou, reavalia a sua previsão sobre o crescimento da economia do país, puxando para baixo (para 1,7%) o crescimento do PIB em 2014. Portanto, no entender do senador paranaense, o Brasil tem que considerar esse estudo do FED. O que importa é que há um alerta, um sinal amarelo aceso. O Brasil precisa acordar. Nós não estamos em céu de brigadeiro.

O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) disse que a opinião do Banco Central americano é compartilhada por muita gente, até do BC brasileiro, que vem mantendo a trajetória ascendente da taxa Selic. Para Aloysio, o que contribui para a desconfiança foram a mágica da contabilidade criativa do governo, o intervencionismo desastrado e a desindustrialização do país.